BNDES vai continuar desinvestimentos e quer zerar risco da carteira até 2022
O aumento da volatilidade do mercado acabou aumentando o risco da carteira com os investimentos remanescentes
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou nesta quinta-feira (28) que pretende continuar com a agenda de desinvestimentos ao longo deste ano e que quer zerar a volatilidade da carteira de participações até 2022.
Segundo Montezano, apesar de o banco de fomento ter conseguido desinvestir um total de R$ 50 bilhões até o final de 2020, o aumento da volatilidade do mercado acabou aumentando o risco da carteira com os investimentos remanescentes.
"Ainda não estamos satisfeitos com a volatilidade da carteira e temos até o final de 2022 para zerar esse risco, que não traz nenhuma atividade de desenvolvimento econômico e social para o Brasil", disse o executivo em evento virtual promovido pelo Credit Suisse.
O executivo disse, ainda, que é descabido que um banco público com o papel social seja um especulador financeiro na Bolsa de Valores, principalmente diante da atual situação fiscal do país.
"É como se alguém que estivesse no cheque especial e ainda assim pegasse dinheiro para apostar no cassino. [Ter recursos em Bolsa] é totalmente descabido de propósito para o Estado brasileiro e para o BNDES, especialmente com uma carteira desse porte", disse Montezano.
Nos últimos dados do BNDES, divulgados em setembro de 2020, a carteira de investimentos do banco somava mais de R$ 80 bilhões, entre investimentos em empresas abertas, fechadas, fundos de investimentos e debêntures. Deste total, cerca de R$ 68,3 bilhões (84%) representam investimentos na Bolsa de Valores.
"Vamos continuar conduzindo a agenda de desinvestimentos com o mesmo perfil de atuação que tivemos no passado, de maneira cautelosa, sem pressa e sem afetar os mercados. A Bolsa está próxima das máximas históricas e o mercado continua com liquidez, o que garante um bom ambiente para continuarmos nessa estratégia até 2022", afirmou Montezano.
Em termos de crédito, o presidente do BNDES afirmou que espera que a inadimplência continue em níveis saudáveis ao longo de 2021, trazendo um ambiente positivo para a retomada do país.
"Até o momento, vemos uma inadimplência saudável na carteira, ressalvando alguns setores específicos, nichados, que foram e ainda estão sendo afetados mais diretamente pela crise do coronavírus", disse o executivo.
Ele afirmou que as exceções para este cenário são os setores de serviços, entretenimento, bares e restaurantes, que ainda continuam reprimidos. "De maneira geral, vemos setores andando bem, gerando caixa e fazendo investimentos."
Sobre os projetos de infraestrutura, o presidente do BNDES afirmou que o banco está comprometido em atuar como agente de estruturação.
"Para o banco é fundamental, porque acaba alimentando carteira de crédito e a esteira de operações, que futuramente serão financiadas pelo banco", disse Montenzano.
O executivo também falou que o grande destaque deste ano é a operação da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgotos do Rio de Janeiro). Segundo Montezano, é o maior projeto de infraestrutura brasileiro, que leva R$ 40 bilhões entre investimento e outorga.
"O volume de impacto ambiental, de saúde, de desenvolvimento social para o Rio de Janeiro é imensurável. Vamos gerar 40 mil empregos na obra, além de melhorar as condições políticas e melhorar condições sanitárias do Estado", disse.
O leilão da Cedae está programado para 30 de abril.