Secretário de Saúde de Pernambuco defende uso da vacina da AstraZeneca/Oxford na população idosa
André Longo diz que não há restrições apontadas pela Anvisa ou por agências de outros países
Com a chegada das primeiras doses da vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, Pernambuco optou por iniciar a imunização da população com idade a partir de 85 anos.
Justamente quando as primeiras doses começaram a ser administradas, publicações da Alemanha geraram certo temor por afirmarem que não seria indicado utilizar o imunizante em pessoas acima de 60 anos. Segundo alguns órgãos do país europeu, a eficácia nesse grupo poderia não ser satisfatória, suposição rechaçada pela própria AstraZeneca.
O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, afirmou, nesta quinta-feira (28), que não foram feitas restrições de uso do imunizante nesse público por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"Sabemos que todas essas vacinas ainda estão em estudo. Estamos acompanhando a nossa agência regulatória, a Anvisa, e o que está acontecendo no mundo. A agência inglesa tem parecer favorável ao uso, a União Europeia também não se manifestou (contra). Esse público precisa ser imunizado, e a gente tem a expectativa de que haja efeito benéfico, com redução de casos graves e internamentos nessa faixa etária”, disse Longo.
Em Pernambuco, o grupo com idade a partir de 85 anos reúne 71 mil pessoas, o equivalente a apenas 1% da população total. No entanto esse mesmo grupo responde por 15% das mortes em decorrência da Covid-19 registradas no Estado.
"A cada 10 idosos com mais de 85 anos que desenvolvem formas graves, mais de seis não resistem à doença. E, entre os idosos infectados nessa faixa etária, mais de 60% acabam por desenvolver a forma grave”, destacou André Longo.
"São dados muito impactantes e que destacam a relevância de iniciar mais precocemente a cobertura vacinal para esse grupo. Eles representam pouco em termos populacionais, mas são maioria entre os óbitos da Covid-19”, completou.
Ele disse que os impactos benéficos da vacinação nessa faixa etária só devem começar a ser sentidos cerca de 15 dias após a imunização completa, ou seja, com as duas doses.
No caso da vacina da AstraZeneca/Oxford, que passará a ser produzida no Brasil pela Fiocruz, a segunda dose deverá ser administrada com três meses de intervalo.
“Temos acompanhado os países que estão vacinando para observar o impacto. Há alguns relatos, mas ainda não publicados em revistas. Relatos, em especial de Israel, mostram redução na hospitalização de idosos acima de 60 anos que foram vacinados. Nossa expectativa é que, gerada a imunidade por essas duas vacinas usadas no Brasil (a outra vacina é a CoronaVac), tenhamos redução de casos graves e, consequentemente, mortes. Pernambuco se antecipa na vacinação dessas pessoas mais idosas por conta da morbimortalidade”, afirmou o secretário.