Opositor de Putin

Polícia da Rússia prende mais de mil e bloqueia várias cidades por protestos pró-Navalny

Manifestantes exigem a libertação do opositor de Putin

Protestos exigem libertação do opositor Navalny - Olga Maltseva/AFP

A polícia da Rússia implantou, neste domingo (31), um grande dispositivo de segurança e fechou o acesso ao centro de várias cidades durante novas manifestações em todo o país para exigir a libertação do opositor Alexei Navalny. 

Segundo a organização OVD-Info, especializada em monitorar protestos na Rússia, mais de 1.000 prisões já foram realizadas em pelo menos 50 cidades, incluindo 140 em Moscou.

Essas manifestações seguem um primeiro dia de mobilização, no sábado da semana passada, que reuniu dezenas de milhares de manifestantes e resultou em mais de 4.000 prisões, além da abertura de cerca de vinte processos.

Nos centros de Moscou e São Petersburgo, muitos policiais e agentes da Guarda Nacional foram mobilizados antes dos eventos programados para o início da tarde, constataram correspondentes da AFP.

"Putin é um ladrão!", "Liberdade!", gritavam dezenas de manifestantes ao passarem pelo centro da capital russa, tendo o local da reunião sido alterado no último minuto devido às restrições da polícia, que limitou o acesso a várias ruas no centro e fechou estações de metrô, uma decisão rara. 

 

Essas novas manifestações acontecem tendo como pano de fundo a apresentação de Alexei Navalny perante os juízes, prevista para a próxima semana. O opositor é alvo de vários processos judiciais desde seu retorno à Rússia em 17 de janeiro.

Segundo o seu advogado, ele corre o risco de "cerca de dois anos e meio" de prisão pela violação das condições de uma pena suspensa de três anos e meio de prisão, que foi infligida em 2014.

- "Não tenham medo" -
No outro extremo do país, em Vladivostok, Andrei, um manifestante de 25 anos, lamentou que poucas pessoas, algumas dezenas, tenham se reunido, porque "as forças de choque bloquearam" o centro da cidade.

Em Novosibirsk, a terceira maior cidade da Rússia, o meio de comunicação independente Taiga estimou o número de manifestantes em mais de 5.000, uma das maiores mobilizações antigovernamentais dos últimos anos.

"As pessoas estão irritadas com o que está acontecendo e porque membros do parlamento e ativistas da oposição foram presos esta semana", disse à AFP Khelga Pirogova, deputada local por uma coalizão pró-Navalny.

Muitos de seus aliados próximos foram colocados em prisão domiciliar na sexta-feira, dois dias depois de uma série de operações de busca e apreensão que visaram a casa de sua esposa Yulia e as instalações de sua organização, o Fundo Anticorrupção. 

Nos dias anteriores, as autoridades alertaram os apoiadores de Navalny. A polícia disse que os manifestantes poderiam ser processados por "motins em massa" se os comícios se tornassem violentos.

Por sua vez, o órgão de fiscalização das telecomunicações Roskomnadzor anunciou que sancionaria as redes sociais por mensagens online, segundo ele, incentivando menores a protestar.

Apesar da pressão, Navalny voltou a pedir aos russos na quinta-feira que tomassem as ruas. "Não tenham medo", escreveu ele em uma carta postada em seu blog. "A maioria está do nosso lado. Vamos acordá-la".

Os protestos também são alimentados pela divulgação de uma investigação do opositor acusando o presidente Vladimir Putin de se beneficiar de um enorme "palácio" nas margens do Mar Negro, uma investigação vista mais de 100 milhões de vezes no YouTube. 

Putin negou as acusações, destinadas, segundo ele, a fazer uma "lavagem cerebral" nos russos, enquanto a televisão estatal exibiu imagens da residência ainda em construção, longe do luxo descrito pelo opositor.

No sábado, o bilionário Arkadi Rotenberg, amigo próximo de Putin e que está sob sanções ocidentais, afirmou ser o verdadeiro proprietário da residência e garantiu que estava construindo um hotel. 

O ativista anticorrupção e inimigo jurado do Kremlin, Alexei Navalny, de 44 anos, voltou à Rússia em 17 de janeiro após meses de convalescença na Alemanha por suspeita de envenenamento, pelo qual acusa Vladimir Putin e os serviços de segurança russos de serem responsáveis.