Morre Guy Brett, britânico entusiasta da arte brasileira
A morte foi confirmada pela filha de Brett em comunicado para pessoas próximas do crítico
O crítico britânico Guy Brett, figura importante na arte brasileira, morreu aos 78 anos nesta segunda-feira (1º). Considerado um "embaixador do neoconcreto", ele foi responsável por levar nomes brasileiros para fora do circuito nacional, como os de Lygia Pape, Hélio Oiticica e Mira Schendel.
A morte foi confirmada pela filha de Brett em comunicado para pessoas próximas do crítico, que vivia com a doença de Parkinson.
"É uma grande perda porque ele foi a pessoa, o crítico, o pensador, que mais fez pela arte brasileira fora do Brasil", diz o artista plástico Luciano Figueiredo, que foi um dos organizadores de exposição em homenagem a Brett que aconteceu em 2017 no Rio de Janeiro. "Foi ele que, de certa forma, desprovincianizou o circuito de arte do Brasil."
Guy Brett escreveu ensaios sobre as obras de diversos artistas brasileiros e é autor do livro "Brasil Experimental - Arte/Vida: Proposições e Paradoxos", que reúne textos sobre artistas contemporâneos do país.
Um de seus textos sobre Hélio Oiticica –cuja primeira mostra em Londres, na galeria Whitechapel, em 1969, Brett ajudou a organizar– é lembrado pelo crítico Moacir dos Anjos em postagem em rede social lamentando a morte do britânico.
"Brett conhecia Oiticica desde a década de 1960, quando o convenceu a fazer uma grande mostra na Whitechapel, em Londres. Tinha então 20 e poucos anos e uma sensibilidade rara para a invenção visual e escrita", escreveu. "Além de sua grande importância como pensador original e atento crítico de arte (além de ocasional curador), Guy foi uma das pessoas mais generosas e gentis que já pude conhecer."
Ele também foi responsável pela organização de exposições no Brasil, como a "Aberto Fechado", na Pinacoteca, que reuniu 90 trabalhos realizados entre 1950 e 2012, com trabalhos como "Caixa Brasil", obra de Lygia Pape, de 1968, "Pulmão", obra de Jac Leirner, de 1987, e "Estojo de Geometria", obra de Cildo Meireles, de 1977.