Holanda suspende a adoção de crianças do exterior
Em uma carta enviada à Câmara, o ministro Sander Dekker indicou que instalou uma comissão de investigação independente
O governo holandês anunciou nesta segunda-feira (8) a suspensão da adoção por cidadãos holandeses de crianças do exterior.
Reage desta forma à publicação de um relatório crítico de uma comissão de investigação sobre o papel do governo holandês na adoção internacional de crianças, ao menos entre 1967 e 1998, destacando "diferentes tipos de abusos estruturais" em vários países.
"É doloroso notar que o governo holandês não fez o que se esperava dele", declarou o ministro holandês de Proteção Legal, Sander Dekker, em um comunicado nesta segunda-feira.
"Embora muitas adoções tenham sido vistas como positivas, o governo deveria ter desempenhado um papel mais ativo na intervenção em casos de abuso", ressaltou ele, ao mesmo tempo em que apresentou um pedido de desculpas às crianças adotadas em nome do governo.
Segundo o governo, às vezes os documentos eram falsificados e eram registrados casos de tráfico de crianças, assim como fraude e corrupção.
Em dezembro de 2018, as autoridades holandesas anunciaram o início de uma investigação sobre o possível envolvimento de alguns funcionários do governo em casos de adoção ilegal ocorridos há várias décadas, especialmente de crianças do Brasil.
Em uma carta enviada à Câmara, o ministro Sander Dekker indicou que instalou uma comissão de investigação independente, cujo trabalho cobrirá o período de 1967 a 1998.
O comitê se concentrará primeiro nos casos de adoção do Brasil, antes de examinar aqueles de países onde havia "sinais de possíveis abusos no passado", como Colômbia, Indonésia, Sri Lanka e Bangladesh.
A polícia holandesa já havia realizado no início dos anos 1980 uma investigação sobre adoção e encontrado "atos criminosos" em 42 casos, mas o processo foi encerrado.