Pernambucano lança livro “Brega, festas populares & comunidade”
Em obra, professor olindense destaca expressões culturais de Pernambuco e região
Mais que um ritmo. O brega alcançou um patamar que ultrapassa a fronteira da música e é considerado um fenômeno social. Aproveitando a ascensão e os desdobramentos do estilo musical, tanto em Pernambuco, como no Brasil, o professor olindense e líder do Grupo de Pesquisa “Brega, Festas Populares e Comunidade” da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Elthon Fernandes, aprofundou-se no tema, criando o livro, lançando no fim do mês de janeiro e que leva o mesmo nome do seu grupo de extensão.
O formato da obra passeia por artigos, contos, poesia, experiência formativa de estágio e entrevistas que dividem espaço com fotos e ilustrações. Uma maneira de deixar ainda mais didático um assunto que é tão estereotipado e que ainda há muita resistência de ser tratado, incluindo no meio acadêmico.
“É um caminho árduo trazer esse tipo de assunto para a universidade. Ainda há muito preconceito. É como se esse tema não merecesse importância no mundo acadêmico, mas reproduzi-lo é legitimá-lo e é isso que queremos”, contou Elthon.
Para a produção de “Brega, festas populares & comunidade”, a vivência dos integrantes do grupo de extensão foi fundamental: suas singularidades culturais tornaram-se pluralidade. “O grupo é composto por estudantes de vários estados e, cada um deles, com repletos de cargas culturais. Não é à toa que foi deixado tudo muito livre para além do brega. Fala-se de teatro, balé, samba. Estendeu-se para além de Pernambuco”, completou.
Além da temática, um dos pontos mais chamam atenção é o capítulo “Mercado Público”, composto apenas por frases soltas em ilustrações, encontradas em contextos diferentes, com termos e jargões territoriais. Desmistificando o padrão do texto corrido e dando a ideia do quão heterogêneo o livro vem é. No decorrer da obra, é detalhado o percurso que o brega seguiu até os dias de hoje, seja relembrando Reginaldo Rossi, ou pela entrevista com Marlene Andrade, primeira cantora do gênero no Estado, até chegar ao famoso brega-funk e as disputas de “passinho”.
No campo das festividades populares, há um capítulo dedicado às quadrilhas juninas e rodas de samba. O teatro está em “Dramaturgia e comunidade”, em que apresenta relatos de vivências e texto teatral de escrita coletiva. A publicação traz perspectivas que passeiam entre o que é vivenciado e o que é estudado, tomando como prioridade a prática e a experiência do que se propõe de entendimento e sentido entre as palavras brega, festa e comunidade.
Além do livro, há a construção de outros projetos com a temática na universidade e fora dela. É o caso do Simpósio de Passinho Brega-Funk da UFPB, em 2019, a Troça Carnavalesca Mista “Tem Gogó Kirida?”, que faz referência a um jargão do mundo do brega pernambucano e teve os planos adiados em desfilar no Carnaval 2021, devido à pandemia, entre outros.
Em um ano atípico, sem atividades culturais presenciais, um livro que fomenta a produção cultural, acaba sendo muito mais que informativo. Ele se torna um instrumento que potencializa, democratiza e inclui assuntos marginalizados comuns em nossos costumes e valores de Pernambuco e região.
SERVIÇO
“Brega, festas populares & comunidade”
De Elthon Fernandes pela Editora UFPB
Disponível gratuitamente em e-book: http://bit.ly/kiridaproducoes