Recife

Recifense perde R$ 63 mil após tentar comprar carro em leilão falso

Depois que depositou o dinheiro na conta da empresa, a falsa empresa deixou de atender as ligações e responder às mensagens do piloto

Piloto sofreu golpe e perdeu R$ 63 mil - Reprodução/Instagram

O piloto de avião recifense Pedro Ferreira, de 28 anos, perdeu R$ 63 mil em um golpe ao tentar comprar um carro modelo Hilux em um leilão falso. Parte do dinheiro perdido era de economias feitas nos últimos dois anos. O caso ocorreu no último dia 27 de janeiro e o Boletim de Ocorrência foi registrado na Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos na última quarta-feira (3).

O site da empresa de leilão online em que Pedro sofreu o golpe é uma imitação de outra instituição do mesmo ramo, a Coliseum Leilões, que tem sede em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco. O endereço e a aparência do site falso são bem parecidos com o do verdadeiro. Apesar do golpe relatado não só por Pedro, mas também por várias vítimas, o site permanece no ar.

Depois de arrematar o carro no site falso, Pedro recebeu o contato de uma mulher que se apresentou como funcionária da empresa de leilões. “Recebi uma ligação dela me parabenizando pela compra do carro. Em seguida, foi me explicando como eu precisava fazer para seguir com o processo. Assinei o contrato, realizei a transferência bancária e aguardei a nota fiscal”, detalha o piloto. 

Segundo a vítima, houve uma tentativa de avaliar o carro pessoalmente, mas a atendente justificou que não era possível em razão da pandemia de Covid-19. 

Depois que depositou o dinheiro na conta da empresa, a falsa empresa deixou de atender as ligações e responder às mensagens do piloto. Quando procurou a delegacia, a vítima tomou conhecimento que a quadrilha tem origem do estado de São Paulo. 

Além de fazer diversas vítimas pelo país, os criminosos estão usando os dados de uma empregada doméstica do interior de outro estado. A suposta vítima seria a responsável pelo CNPJ da empresa golpista.

"O delegado assim que viu meu caso já se familiarizou com a situação. Me informaram que eram quatro ou cinco pessoas que vão por semana [à delegacia] em relação a esse golpe. Disseram que já estão atrás dessa quadrilha, que atua em São Paulo e não opera apenas em Pernambuco, mas em outros leilões também. É meio que já especializada, funciona como se fosse uma empresa de fato, cada um com seu papel", explicou o piloto.

Pedro compartilhou a situação com família e amigos, que logo perceberam que o site da compra era falso. A certeza veio quando familiares entraram em contato com a verdadeira Coliseum, que informou que o último leilão ocorreu em dezembro.

“Quando fui pesquisar, cliquei na primeira opção de site que apareceu na internet, vi que era real pelo endereço, logomarca, telefones com o DDD do Estado, além de outros detalhes que estavam na tela, não tive dúvidas, e fiz o negócio”, relata Pedro, sobre ter a certeza que estava na página que ele conhece da Coliseum Leilões.   

Agora, o piloto tenta recuperar o valor perdido, além de ter entrado com ações judiciais. "Ficou muito complicado, estava me programando nos últimos anos, vim juntando, para aplicar em um imóvel, em uma casa. Nesse momento de pandemia, a aviação está muito complicada. Em outro trabalho, não consigo ir porque as fronteiras estão fechadas. Vi o dinheiro se acabando na pandemia, resolvi fazer esse investimento para revender e lucrar até as coisas normalizarem. Acabei caindo nesse golpe, fiquei sem chão", acrescentou Pedro. 

"Me aconselharam a entrar com uma ação judicial contra o banco do CNPJ da empresa. O advogado me orientou a isso para saber o que está acontecendo. O meu banco não tem muito o que fazer porque foi uma atitude minha, fiz uma carta de contestação com o meu gerente. Estou confiando em Deus, pela nossa Justiça acho difícil", finalizou o piloto.

A reportagem tenta contato com a verdadeira Coliseum Veículos e aguarda retorno.

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que foi aberto um inquérito policial para investigar o crime, que foi tipificado como estelionato e fraude.