Carnaval 2021

Sem folia nem aglomeração, um domingo de carnaval vazio nas ladeiras de Olinda

Alto da Sé recebeu pouco movimento neste domingo (14) - Arthur Mota / Folha de Pernambuco

As ruas do Sítio Histórico de Olinda, ponto de encontro de milhares de foliões, amanheceram melancólicas neste domingo (14). Hoje seria o dia de blocos tradicionais como Enquanto Isso na Sala da Justiça e Eu Acho é Pouco arrastarem os amantes da folia, mas o que se viu nesta manhã foram alguns turistas conhecendo a cidade e pernambucanos tentando registrar de alguma forma esse momento único sem Carnaval. 

No Alto da Sé, o casal Vivian Marques, 38, e Marcos Oliveira, 41, tiraram o dia para conhecer Olinda, antes de voltar ainda neste domingo para São Paulo. Eles contam que sempre quiserem conhecer o Carnaval da Cidade Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. "Resolvemos vir de última hora mesmo sabendo que não teria Carnaval. O clima aqui está bem triste, tudo fechado. Esperamos voltar ano que vem para curtir a folia", disse Vivian. 

Devido ao decreto do Governo do Estado, bares e restaurantes estão proibidos de abrir no Sítio Histórico. No entanto, barracas de artesanato puderam funcionar normalmente. Trabalhando há cerca de 20 anos no local, Gilson José da Silva, 57, lamenta o cancelamento da festa, mas concorda com as medidas adotadas pelas autoridades. "A gente sente porque o Carnaval sustenta muitos cidadãos, alguns desempregados, mas a vida é uma só e é importante seguir as regras para que tudo fique bem no futuro", avalia. 

Em meio às ruas vazias, dois super-heróis surgiram, aumentando a saudade de quem brinca o Carnaval. Há 13 anos, Jal de Oliveira se veste de Homem Aranha para curtir a folia. Já virou tradição ele fazer uma performance na Caixa D'água do Alto da Sé, mas neste ano não foi possível. Ele conta que fica o desejo de que todos se vacinem para que tudo volte ao normal. "É triste não ter a festa, mas é um momento para sermos  responsáveis. Precisamos dessa pausa para que no próximo ano a gente volte com carga total", comenta. 

Na ladeira da Misericórdia e nos Quatro Cantos, onde acontecem encontros de blocos e outras manifestações culturais, o movimento também era tranquilo. Poucas pessoas circulando. O mesmo se viu em frente à Prefeitura de Olinda, local por tradicionalmente passam milhares de brincantes. A falta de decoração foi outro ponto que chamou a atenção de quem passou por lá, deixando um sensação de vazio e saudade dos Carnavais passados. 

O casal Verônica Pragana, 44, e Alexandre Yuri, 48, junto com a amiga Mariana Lyra, 39, resolveram ir à Olinda para matar a saudade e registrar o domingo sem folia. Com uma máscara de ursa nas mãos, um dos símbolos da festa, eles contam que decidiram ir até a prefeitura por considerar um local simbólico. "A intenção foi tirar algumas fotos para eternizar este momento que estamos passando, mas é estranho vir aqui e encontrar tudo vazio", confessa Alexandre. "Parece um domingo como outro qualquer. Dá um aperto no peito, mas sabemos que é necessário passar por esse momento", complementa Verônica.