Sem folia nem aglomeração, um domingo de carnaval vazio nas ladeiras de Olinda
As ruas do Sítio Histórico de Olinda, ponto de encontro de milhares de foliões, amanheceram melancólicas neste domingo (14). Hoje seria o dia de blocos tradicionais como Enquanto Isso na Sala da Justiça e Eu Acho é Pouco arrastarem os amantes da folia, mas o que se viu nesta manhã foram alguns turistas conhecendo a cidade e pernambucanos tentando registrar de alguma forma esse momento único sem Carnaval.
No Alto da Sé, o casal Vivian Marques, 38, e Marcos Oliveira, 41, tiraram o dia para conhecer Olinda, antes de voltar ainda neste domingo para São Paulo. Eles contam que sempre quiserem conhecer o Carnaval da Cidade Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. "Resolvemos vir de última hora mesmo sabendo que não teria Carnaval. O clima aqui está bem triste, tudo fechado. Esperamos voltar ano que vem para curtir a folia", disse Vivian.
Devido ao decreto do Governo do Estado, bares e restaurantes estão proibidos de abrir no Sítio Histórico. No entanto, barracas de artesanato puderam funcionar normalmente. Trabalhando há cerca de 20 anos no local, Gilson José da Silva, 57, lamenta o cancelamento da festa, mas concorda com as medidas adotadas pelas autoridades. "A gente sente porque o Carnaval sustenta muitos cidadãos, alguns desempregados, mas a vida é uma só e é importante seguir as regras para que tudo fique bem no futuro", avalia.
Em meio às ruas vazias, dois super-heróis surgiram, aumentando a saudade de quem brinca o Carnaval. Há 13 anos, Jal de Oliveira se veste de Homem Aranha para curtir a folia. Já virou tradição ele fazer uma performance na Caixa D'água do Alto da Sé, mas neste ano não foi possível. Ele conta que fica o desejo de que todos se vacinem para que tudo volte ao normal. "É triste não ter a festa, mas é um momento para sermos responsáveis. Precisamos dessa pausa para que no próximo ano a gente volte com carga total", comenta.
Na ladeira da Misericórdia e nos Quatro Cantos, onde acontecem encontros de blocos e outras manifestações culturais, o movimento também era tranquilo. Poucas pessoas circulando. O mesmo se viu em frente à Prefeitura de Olinda, local por tradicionalmente passam milhares de brincantes. A falta de decoração foi outro ponto que chamou a atenção de quem passou por lá, deixando um sensação de vazio e saudade dos Carnavais passados.
O casal Verônica Pragana, 44, e Alexandre Yuri, 48, junto com a amiga Mariana Lyra, 39, resolveram ir à Olinda para matar a saudade e registrar o domingo sem folia. Com uma máscara de ursa nas mãos, um dos símbolos da festa, eles contam que decidiram ir até a prefeitura por considerar um local simbólico. "A intenção foi tirar algumas fotos para eternizar este momento que estamos passando, mas é estranho vir aqui e encontrar tudo vazio", confessa Alexandre. "Parece um domingo como outro qualquer. Dá um aperto no peito, mas sabemos que é necessário passar por esse momento", complementa Verônica.