Centenário do Cariri e celebrado com documentário
Documentário “Cariri Cem Carnavais” está sendo produzido como forma de preservar a memória da instituição centenária
Há cem anos o Carnaval de Olinda é marcado, sempre às quatro horas da manhã do domingo, com um ritual ilustre, que começa com a saída de um senhor barbudo, montado em um burro e carregando um saco, junto com a chave simbólica da cidade. Ele sai do Largo do Guadalupe arrastando multidões pelas ladeiras do Sítio Histórico.
Trata-se do Velho Cariri, personagem símbolo e representante da Troça Carnavalesca Mista Cariri Olindense, Patrimônio Vivo do Pernambuco, que completa um século de história exatamente hoje. Diante da pandemia da Covid-19, a festa de Carnaval para comemorar a data, obviamente, foi adiada para 2022, mas isso não significa que a efeméride vai passar em branco.
Uma programação virtual foi elaborada especialmente para a ocasião e o documentário “Cariri Cem Carnavais” está sendo produzido como forma de preservar a memória de uma das agremiações carnavalescas mais tradicionais e antigas da Marim dos Caetés.
A produção é encabeçada pelo diretor e jornalista Helder Lopes e por Paulo de Sá Vieira, cineasta e diretor de televisão, e pretende unir essa história de amor ao Carnaval com a cobertura dos preparativos para celebração do centenário.
“Eu sou folião e estava na expectativa para o centenário do Cariri, então quando começou a se confirmar que não haveria festa, eu imaginei que já havia um filme acontecendo diante dos nossos olhos”, explicou Helder. O diretor detalha que assim que teve essa visão ligou para a troça para apresentar a ideia, e imediatamente ela foi abraçada pelo Cariri, passando em seguida a frequentar as reuniões do bloco e filmá-las.
“Desde as primeiras reuniões em que ainda se debatia se ia ter Carnaval, como ia ser, nós estávamos acompanhando até esse momento de agora”, disse. “É um filme sobre a história do Cariri, mas também sobre o presente da troça nesse contexto específico da pandemia do coronavírus”, completou. De acordo com Helder, serão três etapas de gravação: o período mais próximo do Carnaval, a festa em si e o pós-Carnaval. O diretor começou as filmagens com equipe reduzida erecursos próprios.
Para realizar o documentário foi lançado um financiamento coletivo no site Benfeitoria, em que é possível realizar doações em troca de recompensas especiais. Foi também uma forma de fazer o filme acontecer em tempo hábil. “Somos três equipes unidas nesse processo: o Cariri, o pessoal da Vilarejo Filmes e a Vendaval Catalisadora, organização que chegou junto nesse processo” explica Tereza Vasconcelos, sócia da Vendaval.
“A Benfeitoria é um espaço que possibilita que os criadores testem ideias antes de colocar no ar para saber se o público vai aceitar”, detalhou. São três metas diferentes, e mais da metade da primeira meta já foi arrecadada. A campanha segue até o próximo dia 16 de março no esquema tudo ou nada, então é muito importante participar, porque se a meta não for atingida, o dinheiro terá que ser devolvido para os doadores.
Segundo Hilton Santana, diretor do Cariri, embora seja um paradoxo comemorar o centésimo aniversário em um ano sem Carnaval, o registro em documentário eterniza para as próximas gerações uma data tão importante. “O que vai ficar pro folião daqui a cinco ou seis anos é o registro de como é que foi completar 100 anos na pandemia e manter viva essa história tão bonita”, projetou.
SERVIÇO
Crowndfunding Documentário "Cariri Cem Carnavais"
https://benfeitoria.com/cariri100anos