Em lockdown, Araraquara tem fila de pacientes à espera de internação
Com 100% de seus leitos ocupados, incluindo os de UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo), ao menos 16 pacientes com Covid-19 aguardam vagas para internação em Araraquara (273 km de SP), segundo disse na manhã desta terça-feira (16) Patrícia Cristina Letizio, coordenadora da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Vila Xavier.
A cidade do interior paulista, que já estava na fase vermelha do Plano São Paulo, entrou em lockdown nesta segunda-feira, com medidas ainda mais restritivas para cirulação de pessoas.
O decreto foi assinado pelo prefeito Edinho Silva (PT), após a conformação de novas cepas do coronavírus serem confirmadas na cidade. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, até esta segunda-feira havia a confirmação de 12 casos autóctones da variante do Amazonas, considerada mais transmissível.
Com a medida, somente serviços essenciais podem funcionar, com limite de clientes e de horário, pelos próximos 15 dias.
A UPA da Vila Xavier faz atendimento exclusivo a pacientes com Covid-19, além de casos suspeitos, transferidos posteriormente para o hospital de campanha construído para atender pessoas com o novo coronavírus ou para o Hospital municipal do Melhado.
Ambas as unidades, de acordo com a prefeitura, estão com 100% dos leitos ocupados, segundo boletim divulgado na tarde desta segunda-feira.
"Trabalhar no limite é complicado. A população não tem consciência do que acontece, então, no fim, quando agrava [infecções] vem para cá [UPA] e começa a culpar médicos e funcionários [pela dificuldade de atendimento]", afirmou a coordenadora, se referindo ao comportamento de algumas pessoas, que não respeitam protocolos sanitários.
Ela acrescentou ainda que a unidade está no limite, não dando conta de absorver mais casos do novo coronavírus.
"Vamos tentar garantir 10 leitos ainda hoje [terça], após conversar com o governo estadual. Nós ainda não estamos vivendo nosso pior momento [da pandemia]. Isso pode acontecer em dez dias", estimou o prefeito.
Por causa disso, Araraquara passou a requisitar vagas em outras cidades, incluindo na capital paulista, para transferir pessoas infectadas pela Covid-19.
MEDO
As ruas de Araraquara estão vazias. Na cidade, só podem circular quem trabalha em um serviço considerado essencial (supermercados, farmácias, postos de combustíveis, entre outros) ou quem for utilizar um desses serviços. E o atendimento é apenas até as 20h.
A auxiliar administrativa Gabriela Garcia, 23 anos, é nascida e criada no bairro Vila Xavier, onde mora com os avós, ambos com mais de 70 anos. "Eles [avós] não vão às ruas desde o início da pandemia, mas eu tive que retomar meu trabalho na segunda metade do ano passado", afirmou a jovem, que saiu de casa para ir ao supermercado.
Por causa do retorno presencial, ela afirmou que 20 funcionários, de um total de 60, testaram positivo na empresa em onde trabalha. Um dos infectados, acrescentou, morreu. "Depois destes casos a empresa voltou a funcionar com trabalho remoto", disse ainda.
Ela afirmou ser a favor do lockdown em Araraquara, alegando que muitas pessoas não respeitam protocolos sanitários, mesmo na fase vermelha do Plano São Paulo. "E mesmo com lockdown, tem muita gente inventando fake news, falando que os leitos de Covid-19 na cidade não estão lotados."