Violência e repressão

Morre jovem baleada na cabeça durante protesto contra golpe militar em Myanmar

O país sofreu um golpe de estado pelos militares no início de fevereiro

Exército do país deu golpe de estado - Mladen Antonov/AFP

Uma manifestante de 20 anos ferida por uma bala na semana passada durante os protestos em Myanmar morreu nesta sexta-feira (19). Mya Thwate Thwate Khaing foi baleada na cabeça no dia 9 de fevereiro e estava internada em estado crítico na capital do país, Naypyitaw.

É a primeira morte causada pela violência exercida pelas forças de segurança durante os protestos contra o golpe de estado no país. Os protestos começaram há duas semanas.

Os confrontos começaram quando as forças de segurança dispararam balas de borracha contra os manifestantes. Os médicos do hospital da cidade disseram à AFP que pelo menos duas pessoas ficaram gravemente feridas por balas, uma delas a jovem que morreu nesta sexta-feira.

 


O porta-voz militar, agora vice-ministro da Informação, Zaw Min Tun, confirmou que Mya foi vítima de tiros e garantiu que as autoridades investigam o caso.


Mya rapidamente se tornou um símbolo de resistência dos manifestantes, que exigem a libertação da ex-chefe do governo civil Aung San Suu Kyi, o fim da ditadura e a revogação da Constituição de 2008, considerada favorável ao Exército.

O escritório de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) disse que mais de 350 pessoas, incluindo funcionários, ativistas e monges, foram presas desde o golpe em 1º de fevereiro -e que alguns ainda enfrentam acusações criminais.


Os militares deram o golpe de Estado sob liderança do general Min Aung Hlaing. Ele e outros comandantes já estão sob sanções desde 2019, por ligação com o massacre da minoria muçulmana rohingya.


A junta que agora comanda o país depois de prender toda a cúpula do governo civil -incluindo a conselheira de Estado Aung San Suu Kyi e o presidente Win Myint- proibiu reuniões de mais de cinco pessoas em várias regiões e estabeleceu um toque de recolher das 20h às 4h em Rangoon e Mandalay, as duas maiores cidades do país.

Eles alegam fraude nas eleições de novembro, em que o partido de Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND), venceu por ampla maioria. Ao assumirem o poder, os militares declararam um estado de emergência que deve durar um ano. O próprio Hlaing, entretanto, afirmou que pode continuar no poder após esse período para coordenar a realização de um novo pleito.