Infertilidade não deve ser motivo para desespero, dizem especialistas
Especialistas recomendam procurar um médico para que ele possa avaliar o caso e indicar os caminhos mais adequados
Quem vê a médica Fernanda Maranhão, de 36 anos, feliz da vida por estar no segundo trimestre de gravidez não imagina que ela já passou por cinco gestações. O problema é que três delas não tiveram evolução satisfatória e Fernanda, junto com o marido, se viu determinada a descobrir as causas das perdas recorrentes. Após o casal passar por uma série de exames, o diagnóstico foi que estava tudo dentro da normalidade e a hipótese para a infertilidade seria aleatória. Assim como a médica, inúmeras mulheres passam por situações semelhantes ao gerar um bebê.
Por falta de conhecimento ou machismo, em muitos casos é atribuída apenas às mulheres a responsabilidade de não manter uma gravidez. No entanto, de acordo com a especialista em medicina fetal Raiane Brandt, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define infertilidade como a incapacidade de um casal sexualmente ativo engravidar dentro de um ano. Em pacientes acima de 35 anos esse período é reduzido para seis meses, segundo a médica. "A infertilidade feminina corresponde a 35% das causas que impedem uma gravidez, que é aproximadamente o mesmo valor dos fatores masculinos", disse.
Especialistas costumam dividir em quatro grupos as causas de infertilidade ligadas ao fator feminino: ovarianas e ovulares, tubárias e do canal endocervical, relacionadas à fertilização ou à implantação do embrião. "Muitas vezes termina-se encontrando mais de um fator para a paciente. Por exemplo, uma mulher que tem um mioma dentro da cavidade endometrial ou pólipo e associada a isso tem alteração na tireoide. Então, é importante fazer uma investigação global de todos os compartimentos para que todos eles sejam passíveis de tratamento", orienta Brant.
O ginecologista Waldemy Carvalho, do Hospital Jayme da Fonte, recomenda que antes de tentar engravidar a mulher e o homem façam todos os exames para saber se estão aptos a terem filhos. "Eu diria que 20% das mulheres são inférteis ou estéreis. Considero um número alto, mas caso você não consiga segurar uma gestação não deve se desesperar. É importante e necessário procurar um médico para que ele possa avaliar o caso individualmente e indicar os caminhos mais adequados a serem seguidos", comenta.
A advogada Ana Luiza Mousinho, 38, sempre teve vontade de engravidar, mas a ideia era que fosse por volta dos 40 anos. "Estava nos meus planos finalizar meu mestrado e emendar no doutorado ainda sem filhos", comenta. Sabendo dos riscos da maternidade após os 35 anos, ela resolveu congelar óvulos para tirar dos ombros o peso do relógio biológico. No entanto, ao procurar uma especialista em reprodução humana para fazer o procedimento ela teve uma surpresa. "Em janeiro de 2020, fui abençoada com uma gravidez espontânea. Aos 38 anos, dei à luz uma menina linda, muito amada e saudável", falou.
Ainda conforme Raiane Brandt, uma vez identificada a alteração que o casal possui várias delas podem ser tratados. Uma das possibilidades é o coito programado, que pode ser natural, ou um ciclo medicado para estimular um maior número de folículos para a mulher liberar para ovulação. É feito o acompanhamento com ultrassonografias seriadas, para poder programar o melhor momento da realização da atividade sexual do casal aumentando, assim, as taxas de gravidez, segundo a especialista em medicina fetal.
"Dentre outros tratamentos que podem ser realizados tem a inseminação intrauterina, quando a paciente possui alguma obstrução tubária que esteja impedindo o acesso do espermatozoide, o encontro dele até o óvulo. E tem a famosa reprodução assistida. Coletar óvulos da paciente, ou de alguma doadora, e selecionar os melhores embriões para poder implantar dentro da cavidade uterina", acrescenta Brant.
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