Política

Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras, diz Bolsonaro após intervenção

As ações da Petrobras caem mais de 17% na manhã desta segunda

Presidente Jair Bolsonaro - Evaristo Sá/AFP

Diante do derretimento da Petrobras após o anúncio de intervenção do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (22) que não irá interferir na política de preços da estatal.
 
"Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras", disse Bolsonaro a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.
 
As declarações na porta da residência oficial foram transmitidas por um canal simpático ao presidente com acesso à área em que a imprensa não pode entrar.
 
"Eu não peço não, eu exijo transparência de quem é subordinado meu", disse o mandatário.
 
As ações da Petrobras caem mais de 17% na manhã desta segunda, enquanto outras estatais como Eletrobras, Banco do Brasil e Sabesp acompanham o rítmo de queda. Em Nova York, os papéis da petroleira também despencam mais de 16%.
 
Na noite de sexta-feira (19), Bolsonaro concretizou as insinuações que começou a fazer na noite anterior, em sua live, e anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna como novo presidente da Petrobras.
 
Se a intervenção de Bolsonaro na estatal for confirmada pelo conselho de administração da companhia, ele substituirá Roberto Castello Branco, alvo de críticas de Bolsonaro.
 
Logo depois do anúncio de Bolsonaro, a Petrobras perdeu cerca de R$ 60 bilhões em valor de mercado – R$ 28 bilhões na Bolsa brasileira e outros R$ 30 bilhões nas negociações dos papéis no exterior.
 
No domingo, a XP Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da Petrobras de neutro para venda. O preço-alvo foi revisado de R$ 32, na avaliação anterior, para R$ 24, tanto para ações ordinárias (com direito a voto) quanto para as preferenciais (sem direito a voto).
 
"É sinal que alguns do mercado financeiro estão muito felizes com a política que só tem um viés na Petrobras: atender os interesses próprios de alguns grupos no Brasil, nada mais além disso", afirmou Bolsonaro.
 
O presidente também criticou o atual presidente da Petrobras porque Castello Branco vinha trabalhando de casa durante a pandemia. Ele também criticou o salário do chefe da estatal.
 
"O atual presidente da Petrobras está 11 meses em casa sem trabalhar, né, trabalha de forma remota. Agora, o chefe tem que estar na frente, bem como seus diretores. Isso, para mim, é inadmissível. Descobri isso há poucas semanas", disse Bolsonaro.
 
"Imagine eu, presidente, em casa, com medo do Covid, ficando aqui o tempo todo no Alvorada. Não justifica isso daí. Inclusive, o ritmo de muitos servidores lá está diferenciado. Ninguém quer perseguir servidor, muito pelo contrário, temos que valorizar os servidores. Agora, o petróleo é nosso ou é de um pequeno grupo no Brasil?", indagou o chefe do Executivo.


Um pouco depois, Bolsonaro indagou se seus apoiadores tinham ideia de quanto ganha o presidente da Petrobras.
 
"Queremos saber de números concretos do que acontece lá, bem como a política salarial do presidente e seus diretores", disse Bolsonaro.
 
"Alguém sabe quanto ganha o presidente da Petrobras? R$ 50 mil por semana? É mais do que isso por semana. Então, tem coisa que não está certa. Não quero que ele ganhe R$ 10 mil por mês também não, tem que ser uma pessoa qualificada, mas não ter este tipo de política salarial lá dentro", disse Bolsonaro.
 
"E para ficar em casa, trabalhando de casa. No meu entender, não justifica. Pode até estar fazendo um bom trabalho de casa, mas, para mim, não justifica essa ausência da empresa."