Débora Falabella vive os dilemas da ansiedade em novo filme
Com humor e leveza, longa aborda assuntos sérios e atuais
Um misto de sentimentos que envolve ansiedade, apego familiar e um pouco de romance são os ingredientes que permeiam a história de “Depois a louca sou eu”, filme brasileiro que estreia nacionalmente amanhã.
Estrelado por Débora Falabella, o longa narra a vida de Dani, publicitária que sonha ser escritora. A obra estava prevista para entrar na grade dos cinemas do País em abril do ano passado, o que não ocorreu devido à pandemia.
Com quase um ano de atraso, o filme chega às salas de cinema levantando temas que se tornaram comuns neste momento, como saúde mental e cuidados com automedicação. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados em 2020, o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em casos de depressão."Eu acho que aproveitei o que eu sinto porque eu sou uma pessoa que sofro de ansiedade e já passei por alguns episódios. E eu acho que todos nós. Quem não está ansioso nesses últimos anos no nosso País está alienado, não é possível, é um momento muito complicado”, comentou Débora em entrevista coletiva realizada virtualmente nesta segunda-feira (22). “Acho que a gente tem que se acolher mesmo, até nas relações. Eu me inspirei, claro, em mim e nas pessoas que estão ao meu redor porque acho que está todo mundo levemente sofrendo com isso”, acrescentou.
A proposta, destaca Júlia Rezende, diretora do filme, é levantar esses temas com leveza e doses de bom humor. Assim, o longa poderia, à sua maneira, funcionar como uma espécie de terapia coletiva. “Abrir o diálogo sobre ansiedade, falar de quem está precisando ir a um psiquiatra, pedir ajuda, eu acho que é tão importante porque infelizmente essas são questões que ainda são tabu”, disse, em resposta à reportagem da Folha de Pernambuco.
Ao longo da trama, Dani narra, em primeira pessoa, suas vivências, relacionamentos, medos, inclusive o da morte, e receios. Dois personagens dialogam com ela e, por vezes, podem ser considerados os verdadeiros “loucos” da história: sua mãe, Silvia, vivida por Yara de Novaes, e seu par romântico, Gilberto, interpretado por Gustavo Vaz.
“Eu acho que todos nós temos os nossos momentos de loucura ou de perda do contorno. E acho que isso é natural. A gente enquanto sociedade ainda precisa evoluir em muitos aspectos, derrubar esses tabus, falar sobre essas coisas. E há essa dificuldade masculina de falar, de assumir, e até de lidar quando escuta um outro homem falando sobre isso”, analisa o ator. “Acho que essa loucura está espalhada por todos nós, os personagens, nós atores, quem assiste. E o que o filme faz é colocar essas loucuras uma de frente para a outra e falar ‘Gente, a gente está junto nessa grande jornada que é viver, nessa dificuldade e nessa beleza que é estar vivo’” complementa.
Com uma hora e meia de duração, o longa reflete a busca pelo sucesso, muitas vezes encoberto por uma falsa felicidade permanente. Nos 'vai e vens' de Dani, o público se verá diante de momentos de profunda tristeza, dúvida ou desmotivação, intercalados com instantes de alegria, prazer e euforia.
“Eu não pensava que eu tinha que fazer um filme para ser engraçado, sabe? As situações eram muito engraçadas porque quando a gente se distancia, depois que passou, a gente pode rir. Então, eu acho que as situações já eram engraçadas por si só, mas eu tinha dificuldade de pensar como uma comédia. A Júlia conduziu isso muito bem”, finaliza Débora Falabella.