HUMOR

O riso como profissão: comediantes de PE falam sobre carreira e inspirações

Eles destacam o universo do humor no palco e nas redes sociais

Gustavo Pardal possui mais de 96 mil seguidores no Instagram - Foto: Divulgação

Com origem na Grécia Antiga, a comédia foi se adaptando às novas eras e tem atraído fãs nas mais diversas plataformas. Pudera. Sem uma boa dose de humor, o cotidiano seria bem mais cinzento. No Brasil, sem dúvida, o ícone maior do humorismo é Chico Anysio, com mais de 200 personagens, falecido em 2012, que formou toda uma geração de comediantes e que faria aniversário em 26 de fevereiro, data que também marca o Dia do Comediante.

Além do humor teatral, com caracterização e diálogos, outra forma alcançou o estrelato nos últimos anos - o stand-up comedy. Com mais de 96 mil seguidores no Instagram, Gustavo Pardal, 32, faz sucesso contando o cotidiano. “Iniciei no humor em 2008 no projeto Comédia de Quinta, que tinha como objetivo revelar novos talentos. Era uma época em que stand-up comedy era, apesar de antigo, pouco popular no Brasil. Era tudo bem amador, mas bastante satisfatório. Criei um texto sobre o dia em que peguei um ônibus errado. Apesar de achar que não daria muito certo, me surpreendi e todos gostaram. Isso me incentivou a continuar e estou até hoje fazendo humor”, lembrou.

O gosto pela comédia veio ainda na infância. “Meu pai me dava livros de piada, virei fã de Ary Toledo, Tom Cavalcanti e muitos outros. Sempre que tinha oportunidade, contava piadas para meus amigos, familiares. As minhas apresentações no colégio e faculdade também eram de formas descontraídas. Fazia filmes, paródias, vídeos engraçados", contou. Ter participado de programas nacionais, como “Tudo é Possível”, da Record, e “Domingão do Faustão”, da TV Globo, analisa, também apoiou a sua carreira. “Ajudou bastante, tanto em fornecer experiência, assim como em ter um alcance maior. Então acredito que foi um divisor que serviu muito para o amadurecimento da minha carreira. Conheci muita gente do meio, me fez enxergar a comédia de uma forma mais aprofundada. É muito importante aparecer para o público. E quanto maior a exposição, melhor”.

Jornalista de formação, Leonardo Persivo, 27, apesar de também ter se interessado desde cedo pela comédia, não investiu na carreira de imediato. “Em meados de 2010, eu conheci o stand-up e decidi que gostaria de tentar algum dia. Demorei oito anos para tomar coragem, até que, finalmente, em 2018, eu me inscrevi num festival de comédia ‘open mic’, que é uma noite de comédia, geralmente em algum bar ou restaurante, em que comediantes iniciantes podem se apresentar”, disse.Leonardo Persivo estreou na carreira em 2018 - Foto: Divulgação

“Sou bem eclético quando estou escrevendo minhas piadas e busco inspiração em praticamente tudo que vejo no dia a dia. No entanto, costumo sempre abordar nos meus textos questões relacionadas às minhas próprias inseguranças. Afinal, as pessoas na plateia também têm suas inseguranças e costumam se identificar com as minhas, já que todos nós estamos sujeitos a termos um dia ruim ou a estarmos insatisfeitos com nosso corpo, emprego, família, etc.”

Andy Rodrigues, 20, também busca seu espaço. “Sempre fui uma apreciadora do universo cômico nacional. Comecei acompanhando os programas de humor na MTV. Passei a frequentar stand-up em 2018 e percebi a ausência de mulheres no meio, resolvi me aproximar de alguns comediantes e fui colhendo dicas até que fiz minha primeira apresentação em outubro de 2020”, contou. Ela recorda com carinho o momento. “Quando subi no palco e arranquei meu primeiro riso tive certeza de que era aquilo que eu queria para mim, um sentimento de felicidade enorme.”

Andy Rodrigues, 20, também busca seu espaço no humor - Foto: Divulgação

Para ela, o stand-up permite mais aproximação entre humorista e público. “Há comediantes que usam a interação para conhecer um pouco mais a plateia, acho isso maravilhoso, faz com que se sintam acolhidos e participantes. Fazer stand-up é como estar conversando ou conhecendo novos amigos”. “A internet é essencial para a divulgação do trabalho, mas o palco é bastante diferente. Nas redes socias você pode errar, apagar e fazer novamente. No palco, você erra, ri do próprio fracasso e se diverte com isso.”