"Estamos no início de um período que deve ser de grandes dificuldades", diz secretário de Saúde
A ocupação de leitos para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Pernambuco vinha se mantendo acima de 80% havia, pelo menos, 15 dias. Na última semana, esse indicador deu um salto ainda maior, tanto na rede pública quanto na privada, levando o sistema de saúde do Estado a entrar em rota de colapso.
Mesmo com a abertura recente de 52 novos leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) voltada para esses pacientes, nesta semana, não houve redução do percentual de ocupação, que já passa dos 90%.
Em coletiva virtual realizada nesta quinta-feira (4), o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, expressou preocupação com os próximos desafios no enfrentamento da Covid-19 em Pernambuco. "Estamos no início de um período que deve ser de grandes dificuldades", relatou.
"Mesmo com a vacinação, que começa a dar os primeiros e promissores resultados, e o grande esforço do Governo do Estado na abertura de novos leitos, o sistema de saúde está no limite da sua capacidade máxima", informou o secretário.
Longo disse ter sido notada uma redução de casos confirmados da Covid-19 em idosos com idade acima de 85 anos no último mês. "Na faixa dos idosos com mais de 85, tivemos uma redução de 25% no registro de casos de SRAG. Essa redução de casos já pode apontar uma influência positiva no processo de vacinação dessa faixa etária", disse Longo.
Contudo o registro de internação de pessoas com idades entre 20 e 59 anos aumentou 39% no último mês. "Há, sim, uma maior frequência de jovens chegando às nossas UTIs", informou o secretário.
Os leitos abertos na última semana não foram capazes de dar uma folga no percentual de ocupação, que registrou 94% de ocupação de UTI no setor público e 90% no privado para casos de SRAG nesta quinta-feira (4). Chama atenção ainda a ocupação dos leitos de enfermaria na rede pública, que se aproxima de 80% (79% das 945 vagas estão preenchidas no momento).
"Pode chegar o momento em que o volume de pacientes graves supere a capacidade de colocá-los nesses leitos. Não temos escolha: ou enfrentamos a pandemia juntos ou ela não será superada", ressaltou.
Cenário difícil
Na última Semana Epidemiológica (a SE 8 de 2021, encerrada no sábado), Pernambuco registrou os piores indicadores deste ano no que diz respeito aos casos graves da Covid-19.
Na verdade, o número de notificações de casos de SRAG (pacientes graves suspeitos para a Covid-19) por semana foi o maior desde setembro, com 899 casos suspeitos - 302 já receberam resultado positivo para a Covid-19.
Além disso, pela primeira vez em 2021, a Central de Regulação de Leitos do Estado registrou mais de mil solicitações de vagas em uma única semana, na semana passada. Ao todo, 1.074 pacientes com quadro de SRAG precisaram de internamento, sendo 619 em leitos de UTI e 455 de enfermaria.
Na semana anterior (SE 7, entre 15 e 21 de fevereiro), foram 916 solicitações, o que aponta para um aumento de 17% nos pedidos de internamento em vagas de terapia intensiva. As solicitações por vagas em enfermarias também tiveram aumento, de 8,3%.
“No País inteiro, a atual situação da pandemia é gravíssima, com recordes diarios no número de novas mortes. E esta realidade, infelizmente, está chegando a Pernambuco. Na última semana, detectamos uma importante piora no cenário epidemiológico, com uma rápida aceleração da doença, que provocou grande pressão na rede de saúde. A situação já se propagou por todo o Estado e a semana 8 foi a pior deste ano, até agora. Neste momento, só o cuidado, o respeito às ações restritivas e o avanço da vacinação será capaz de minimizar a aceleração da doença e o colapso das redes de saúde”, explicou Longo.
Segundo ele, a análise dos primeiros dias desta semana já aponta para um agravamento da situação epidemiológica. Longo informou ainda que novos leitos devem ser abertos nesta sexta (5), mas ressaltou que isso não significa segurança.
"Temos a expectativa de colocar mais 40 leitos de UTI em operação. Mesmo assim, a velocidade da doença tem superado a nossa capacidade de abrir leitos."