Covid-19

Pandemia em queda nos Estados Unidos; casos aumentam na Europa e Brasil

Brasil vive a fase mais letal da pandemia do coronavírus sem uma estratégia nacional para contê-la

Mais uma área para vítimas da Covid-19 no cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus. - Foto: Michel Dantas/AFP

Os Estados Unidos registraram na quinta-feira sinais promissores na luta contra a covid-19, com o balanço de menos de 40.000 casos em um dia pela primeira vez desde outubro, mas a pandemia afeta com força o Brasil e volta a ameaçar a Europa. 

Após o recorde quase 300.000 casos em 24 horas registrado em 8 de janeiro, o número de infectados voltou aos níveis anteriores às festividades do Halloween, em outubro, do Dia de Ação de Graças, em novembro, e das celebrações do fim de ano, quando viagens e aglomerações familiares desafiaram os avisos das autoridades e foram a causa da propagação do vírus nos Estados Unidos.

Outro sinal encorajador no país mais afetado do mundo pela doença, com mais de 520.000 mortes, é que a média semanal de mortes e hospitalizações também está em queda. Em uma campanha iniciada em dezembro, o país administra três vacinas à população e o governo do presidente Joe Biden avança no objetivo de vacinar 100 milhões de pessoas nos primeiros 100 dias de governo.

Europa inicia estudo da Sputnik  

Na Europa, a situação é preocupante. Na semana passada, os novos casos de covid-19 no continente aumentaram 9% após seis semanas de redução para alcançar um pouco mais de um milhão, afirmou o diretor para a Europa da OMS, Hans Kluge.

""Registramos um ressurgimento na Europa central e leste. Os novos casos também aumentam em vários países do oeste da Europa, onde os índices já eram elevados", completou.

Dos 53 países que integram a região Europa da OMS, que vai até o centro da Ásia, 45 já iniciaram as campanhas de vacinação.

As autoridades de saúde europeias iniciaram na quinta-feira o processo de avaliação da vacina russa contra a covid-19 Sputnik V, enquanto a Itália, que pressiona pela aceleração da campanha de imunização na Europa, anunciou o bloqueio do envio de doses da AstraZeneca para a Austrália.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) iniciou um estudo da vacina russa Sputnik V, produzida pelo centro de pesquisas moscovita Gamaleya, uma etapa crucial para a eventual distribuição do fármaco no continente.

Após o anúncio, as autoridades russas se declararam dispostas a fornecer doses para 50 milhões de europeus a partir de junho.

Ao mesmo tempo, o laboratório alemão CureVac assinou um acordo com a gigante farmacêutica suíça Novartis para a produção, a partir deste ano, da vacina de RNA mensageiro contra a covid-19 que está desenvolvendo, anunciou a empresa.

O projeto de vacina da CureVac está na fase 3 de testes clínicos e está sendo avaliado de forma contínua pela EMA. A Comissão Europeia assinou um contrato com a CureVac para adquirir 405 milhões de doses.

Até o momento, três vacinas estão autorizadas na União Europeia: Pfizer-BioNTech, Moderna e AstraZeneca. O fármaco da Johnson & Johnson está em processo de autorização, enquanto as da Novavax e CureVac estão em processo de análise.

Cinco países (Reino Unido, Canadá, Austrália, Suíça e Singapura) decidiram aprovar de forma acelerada as novas gerações de vacinas adaptadas para neutralizar as variantes do coronavírus, segundo uma recomendação revelada na quinta-feira por um consórcio que reúne suas agências de medicamentos.

Alemanha e Suécia autorizaram na quinta-feira, depois da França, a aplicação da vacina AstraZeneca/Oxford em pessoas com mais de 65 anos.

Já a Itália anunciou o bloqueio da exportação para a Austrália da vacina desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca, com base em uma normativa da União Europeia.

Diante do aumento das variantes do vírus, Israel, Áustria e Dinamarca anunciaram uma aliança para o desenvolvimento e produção de novas gerações de vacinas 

A pandemia provocou pelo menos 2,5 milhões de mortes no mundo desde dezembro de 2019, segundo um balanço da AFP.

Brasil à beira do colapso 

Com recordes de mortes, hospitais à beira do colapso e uma campanha de vacinação lenta, o Brasil vive a fase mais letal da pandemia do coronavírus sem uma estratégia nacional para contê-la.

O país registrou recordes de mortes diárias esta semana e total de vítimas fatais se aproxima de 260.000 desde o início da pandemia.

"Pela primeira vez desde o início da pandemia, verifica-se em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores", afirmou esta semana a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao ministério da Saúde.

Relatório suspenso 

Os especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) enviados em janeiro a Wuhan, China, para investigar a origem da pandemia de covid-19 não divulgarão suas conclusões preliminares, informou o Wall Street Journal (WSJ).

"Um mero resumo não satisfaria a curiosidade dos leitores", disse o coordenador da equipe de investigadores, Peter Ben Embarek, ao WSJ.

Agora a OMS planeja publicar "nas próximas semanas" um relatório completo que incluirá as "principais conclusões", segundo um porta-voz da OMS citado pelo jornal americano.

O governo dos Estados Unidos espera que a China demonstre "transparência", que compartilhe o que sabe sobre o início da pandemia, afirmou na quinta-feira o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

"Trata-se de aprender e fazer, de estarmos posicionados para fazer tudo o que pudermos para proteger a nós mesmos, ao povo americano e à comunidade internacional contra futuras ameaças de pandemia", disse Price.

"É por isso que precisamos deste entendimento. E por isto que precisamos da transparência do governo chinês", afirmou.