Oportunidade: saiba como fazer uma renda extra na Páscoa
Especialistas dão dicas para quem pretende aproveitar a Páscoa para conseguir desafogar as contas
A chegada da Páscoa pode representar a oportunidade para ganhar uma renda extra, principalmente em um período conturbado economicamente como o que estamos passando. Porém, como todo novo empreendimento, é preciso se planejar para que o negócio dê certo e haja ganho financeiro.
Em 2014, Mayara Araújo começou a fazer trufas para ajudar nas economias domésticas. Dois anos depois, na Páscoa de 2016, ela viu a oportunidade de expandir seu negócio e vender ovos de colher, uma novidade até então. “Eu e meu marido vimos que estava começando a aumentar a procura pelos ovos de colher. Então nos juntamos e investimos nisso. A nossa expectativa era vender cerca de 25 ovos e conseguimos vender 150. Desde então, toda Páscoa nós vendemos ovo de colher”, explica a empreendedora sobre o início do Chocolates Real Sabor.
Na época, Mayara utilizou uma estratégia de vendas que vem caindo em desuso atualmente, mas que a ajudou a fidelizar os clientes. “Nos dois primeiros anos a gente trabalhava muito com panfleto e com o ‘boca a boca’. Nos últimos anos, porém, a gente começou a divulgar também pelo Instagram, passando a investir nas nossas redes sociais para alcançar ainda mais clientes”, disse a empreendedora.
Hoje Mayara é técnica de enfermagem e aproveita a Páscoa para fazer uma renda extra. E ela garante que o retorno é positivo se você souber tocar o negócio. “Foi com o dinheiro que eu fiz nas primeiras Páscoas que eu consegui dar o valor inicial da casa onde moro. Então é possível conseguir uma renda considerável nessa época, mas é preciso planejamento. Nós, por exemplo, começamos a pesquisar embalagens, preços dos ingredientes e possíveis novidades desde setembro”, revelou Mayara Araujo.
Para quem deseja ter o mesmo sucesso que Mayara, o primeiro passo é escolher o que se pretende vender. Devido à pandemia da Covid-19, as comemorações deverão ser mais reservadas e dentro de casa. Esse fato deve expandir a diversidade de produtos procurados nesta Páscoa. “Este ano deve haver o fortalecimento de um movimento percebido no ano passado, em que foram identificadas sinalizações de outros produtos além do ovo. A Páscoa continua expandindo o consumo para outros produtos, como as decorações da mesa e da residência”, explicou o analista do Sebrae, Vitor Abreu.
A decisão sobre o que vender deve ser feita de acordo com o conhecimento do profissional sobre a mercadoria. É necessário conhecer tecnicamente o produto do ponto de vista mercadológico, ou seja, saber o que os concorrentes ofertam e também o produto em si, a sua forma de preparo e os ingredientes, para ter uma mercadoria de qualidade.
O segundo passo é conhecer o mercado comprador, procurar saber o que os possíveis clientes estão procurando e até quanto eles estão gastando no produto. “A maioria das pessoas continuam buscando ovos de Páscoa. Mas existe uma variedade de tipos de ovos a serem ofertados, então é preciso encontrar seu nicho. Além disso, tem gente que compra outros tipos de doces, como chocolate e bolos. Então é necessário ouvir o cliente para saber como ele compra, quanto ele gasta, se ele compra só para os filhos e etc”, destacou Vitor Abreu.
Depois de escolher o produto e conhecer o mercado, é necessário olhar economicamente para o negócio para saber se ele vale a pena e se ele trará lucro. “É sempre importante que as pessoas façam a projeção dos seus fluxos de caixa. Isso nada mais é do que a expectativa futura da conciliação entre o dinheiro que entra e o dinheiro que sai. E a partir disso eu construo cenários. Tenho que imaginar quantos produtos eu consigo vender e me perguntar quanto vai me custar a produção, quem serão os fornecedores e em quanto tempo tenho que pagá-los. Dessa forma a pessoa se prepara para evitar prejuízos”, explica Arthur Dantas Lemos, professor do PieR de Negócios.
Outra escolha necessária é decidir se vai vender sob demanda ou por estoque. Como os produtos vendidos na Páscoa são sazonais e, em sua maioria, perecíveis, é preciso ter cuidado. “Isso vai depender do nível de experiência que a pessoa tem naquilo que ela vai fazer. Normalmente existe um benefício em fazer estoque pois o empreendedor compra em grande quantidade, conseguindo um desconto no material. Mas se a pessoa está iniciando o negócio e está insegura sobre a demanda, talvez seja melhor abrir mão dessa margem e fazer um estoque bem mais reduzido”, analisa Arthur Dantas Lemos.
Independente da escolha sobre o estoque, o que ajuda a não sobrar produto é a estratégia que o empreendedor irá adotar para vender. “As famílias e amigos são um bom ponto de partida, principalmente no sentido de testar o produto. Não há problema em comercializar nesse ciclo de consumidores, mas naturalmente é preciso expandir. E para essa expansão o meio digital acaba sendo a forma mais rápida de alcançar o maior volume de pessoas”, explica Vitor Abreu.
Porém, não se pode estar de qualquer jeito no ambiente digital. “Não é somente postar o produto que as pessoas vão comprar, porque muita gente está nesse canal. É preciso ter boas imagens da mercadoria, conteúdos, criar interação com o consumidor e utilizar os recursos que as redes sociais disponibilizam, como a promoção da página”, complementa Vitor Abreu.
Por fim, é preciso que o empreendedor esteja atento às obrigações legais, mesmo que o negócio funcione por um curto período. “Uma dica para quem quer formalizar o empreendimento é a utilização do Microempreendedor Individual. Além de ter o seu negócio formalizado, você está coberto pela previdência social e tem benefícios como juros mais baixos na hora de concessão de crédito e uma tributação simplificada”, explica Bárbara Lapa, advogada da Carlos Pinto Advocacia Estratégica.