Calamidade

Última semana teve mais mortes do que primeiros 72 dias de pandemia no Brasil

Estados mais críticos são Acre, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo

Vítimas da Covid-19 enterradas em cemitério em Manaus - Michael Dantas/AFP

A semana passada somou mais mortes de brasileiros por Covid-19 do que os primeiros 72 dias de pandemia no país.
 
Do dia 1º de março ao último domingo (7), foram registrados 10.482 óbitos pelo coronavírus em todo o Brasil. É a maior marca para uma única semana até o momento. Em comparação, de 26 de fevereiro do ano passado, quando foi confirmado o primeiro caso no país, ao dia 8 de maio daquele ano houve 10.022 mortes.
 
Em nove estados, a semana passada foi a que mais teve óbitos decorrentes da Covid-19. São eles: Acre, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Todos eles estão com hospitais cheios e alta de casos.
 
Somente na capital paulista, 410 pessoas perderam a vida para a doença na semana que passou – em todo o estado, foram quase 2.000. Também houve recorde de internados nos hospitais de São Paulo.
 
Na Bahia, onde foi decretado toque de recolher à noite até o fim do mês, o governador Rui Costa (PT) chorou ao falar sobre as vítimas da Covid e pedir a colaboração da população às medidas para tentar barrar o avanço do vírus. Em Salvador, todo o comércio está fechado, e apenas serviços essenciais podem funcionar.
 
A capital baiana tem o maior número de internados em leitos de UTI desde o início da pandemia. Nesta segunda (8), são 546 pacientes, e a ocupação está em 85%, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.
 
Santa Catarina, por sua vez, tem registrado média de 5.000 novos casos por dia, sem sinais de que o índice de contaminação possa desacelerar. Segundo a classificação feita pelo governo estadual, todas as 16 regiões do estado são consideradas de risco potencial gravíssimo, quando há alta de mortes, casos e do indicador conhecido como RT, que mede a transmissão.
 
Em seu pior momento em toda a pandemia, o Brasil vive um cenário de hospitais lotados, alta acelerada da contaminação, novas variantes do vírus e vacinação lenta.
 
De acordo com o monitor do jornal Folha de S.Paulo, que mede a aceleração da pandemia no país, 204 das 324 cidades com mais de 100 mil habitantes têm casos em alta ou com tendência de estabilidade, mas em patamar elevado.
 
Até o momento, o país vacinou cerca de 8 milhões de pessoas com a primeira dose, e quase 3 milhões delas receberam também a segunda dose.


Isso representa 4% dos adultos vacinados com a primeira dose e quase 2% com a segunda. O estado com mais vacinados proporcionalmente é o Amazonas, que recebeu doses extras em meio a sério colapso do sistema de saúde e vacinou 10% dos maiores de 18 anos.
 
Já países como Israel e Reino Unido investiram em campanhas de vacinação em massa. No primeiro, mais da metade da população já recebeu a primeira dose. O segundo soma 22 milhões de vacinados e prevê a volta das atividades normais, com relaxamento das medidas de restrição, para junho.


As vacinas disponíveis no Brasil são a Coronavac, do Butantan e da farmacêutica Sinovac, e a Covishield, imunizante da Fiocruz desenvolvido pela parceria entre a Universidade de Oxford e a AstraZeneca. A vacina da Pfizer tem o registro definitivo da Anvisa, mas ainda não está disponível no país.
 
Conforme publicou a Folha de S.Paulo, o governo federal recusou três ofertas da Pfizer para a compra de vacinas. Ao todo, foram oferecidas à administração federal cerca de 70 milhões de doses, sendo 3 milhões com entrega prevista até fevereiro. Nesta segunda, o governo anunciou a compra de 14 milhões de doses da vacina.