'Que fosse Garrincha', diz neto de Mário Filho ao criticar nome de Pelé no Maracanã
Lei altera o nome do Maracanã de Mário Filho para Estádio Edson Arantes do Nascimento (Rei Pelé)
A lei que altera o nome do Maracanã de Mário Filho para Estádio Edson Arantes do Nascimento (Rei Pelé) incomodou Mário Neto, neto do jornalista e escritor, mas não surpreendeu o herdeiro do cronista. De autoria do deputado André Ceciliano (PT), o projeto 3.489/21 mantém o nome antigo apenas ao complexo esportivo.
Ao UOL Esporte, Neto disse não se surpreender com o que chamou de desconhecimento da história por parte dos que comandam a Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) e chamou de "torpe e ridícula" a medida, que ainda precisa da sanção do governador Cláudio Castro (PSC).
Ele afirmou ainda que não pretende buscar os direitos da família por entender que o Maracanã "morreu" após a reforma para a Copa do Mundo de 2014, já que o estádio idealizado e defendido por seu avô tinha como marca ser o "maior do mundo". Para ele, a mudança só seria justificável se homenageasse um certo craque que brilhou no Rio de Janeiro.
"É uma coisa de quem não entende de futebol, de história. Se quisessem homenagear alguém, que homenageassem o Garrincha. Estou chateado? Sim, mas não vou ficar mais, pois meu avô não brigou por esse estádio para 70 mil pessoas. Em virtude das pessoas que estão na Alerj, não me surpreende", disse.
No comando do Jornal dos Sports, Mário Filho encampou uma cruzada pela construção do então chamado "Estádio Municipal" em uma área central da cidade. Em oposição a Mário, que usou o diário esportivo como plataforma de suas ideias, o vereador Carlos Lacerda queria que a construção fosse em uma área da zona oeste, um local ainda pouco desenvolvido à época.
A visão de Mário prevaleceu, o Maracanã ficou pronto para a Copa de 1950, e ele foi posteriormente homenageado com o nome do mais famoso estádio do Brasil e um dos mais icônicos do mundo. Além de sua briga pelo Maraca, Mário deixou diversas obras importantes para o universo do futebol, com destaque para o livro "Negro no Futebol Brasileiro".
Torcedor do Flamengo, o escritor foi um dos responsáveis por criar a marca "Fla-Flu" por meio de textos e matérias publicadas em seu jornal. O clássico ganhou ainda mais corpo a partir da promoção feita nas páginas do "cor de rosa", que contava com o dramaturgo tricolor Nelson Rodrigues, irmão de Mário, como um de seus colunistas.
"Deveriam saber um pouco mais da história do Mário. Basta procurar um pouco, podem ir até na 'Wikipédia'. Meu avô deu nome ao maior estádio do mundo até aparecer o Sérgio Cabral. Não vou dar pano para manga para essas pessoas, não vou me aporrinhar. Isso vai engrandecer o Pelé? Não, só vai gerar críticas. Eles só querem aparecer", completou o neto.
Como o equipamento pertence ao Estado do Rio, Flamengo e Fluminense, os atuais concessionários, não têm poder de veto. A bola da história está com o governador.