Lula de volta muda o jogo e centro precisa ter juízo, diz Doria ao falar de 'extremos'
Governador, que é tido como potencial candidato a presidência, afirma que precisa ser competitivo para disputar com o petista e Bolsonaro
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), afirmou que a volta de Lula ao jogo político "muda o jogo sucessório, muda a geografia eleitoral".
"É uma situação completamente diferente do que a que tínhamos até agora", diz ele. "Ficam estabelecidos claramente dois campos adversos de polarização: a extrema esquerda e a extrema direita. Eles vão canalizar os sentimentos pró-Lula e pró-Jair Bolsonaro", afirma Doria.
Ele calcula que Lula e Bolsonaro terão, cada um, "cerca de 30% dos votos [em 2022]". "E cerca de 40% dos eleitores vão escolher um candidato longe dos extremos", segue.
"Se o centro democrático tiver juízo e bom senso, trabalhará para, em primeiro lugar, construir uma proposta para o Brasil", afirma.
E, em segundo lugar, segue o governador, será preciso "identificar um candidato que seja competitivo, que possa disputar com duas personalidades [Lula e Bolsonaro] com forte densidade política e eleitoral. Um deles é presidente. O outro ocupou duas vezes o mesmo cargo. Não é pouco".
E que, "uma vez eleito, tenha capacidade para governar o Brasil de forma eficiente e em paz".
Nesta semana, Lula recuperou seus direitos políticos depois que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin, anulou as condenações dele em processos que tramitaram no Paraná.
Segundo o magistrado, a 13ª Vara Federal de Curitiba, então comandada por Sergio Moro, não tinha competência para analisar as ações.
A volta do petista ao cenário obriga os atores políticos a um novo posicionamento, à esquerda e à direita, devido à força eleitoral que ele ainda mantêm e à certeza de que ele vai se lançar candidato à sucessão de Bolsonaro.
Doria é tido como potencial candidato a presidente em 2022 pelo PSDB, mas não declara a pretensão de disputar o cargo.
Durante a epidemia do novo coronavírus, ele tem procurado se contrapor ao presidente, fazendo duras críticas à condução da política de saúde pública no país.