Produção industrial de Pernambuco cresce em janeiro, mas cenário ainda preocupa
Pernambuco alcança o segundo melhor resultado do país em janeiro, mas pesquisa da Fiepe mostra empresários preocupados
Pernambuco registrou o segundo melhor desempenho industrial no Brasil em janeiro, de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo IBGE. A produção da indústria pernambucana cresceu 3,6% no primeiro mês do ano, ficando atrás apenas do Pará (4,4%) e à frente da média nacional (0,4%). Em contrapartida, pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) com empresários locais detectou um cenário de incerteza diante da conjuntura atual.
Mesmo com a pandemia, o desempenho da indústria pernambucana registrou alta de 3,9% no acumulado dos últimos 12 meses, sendo o melhor resultado do país no período. Enquanto isso, a produção industrial do Brasil e do Nordeste retraiu 4,3% e 3,8%, respectivamente. Já na comparação com janeiro de 2020, a variação da PIM em Pernambuco foi de 7%.
Em janeiro de 2021, 11 das 12 seções e atividades industriais cobertas pela pesquisa em Pernambuco tiveram alta em comparação com janeiro de 2020, com destaque para a Fabricação de produtos minerais não-metálicos (27,1%) e Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (23,1%). Outras áreas industriais com bons resultados foram a Fabricação de celulose, papel e produtos de papel (13,4%) e a Fabricação de produtos de borracha e material plástico (10,7%).
A única área que teve redução entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021 foi a de Fabricação de bebidas, cujo recuo foi de 0,7%. No entanto, o mesmo setor teve um avanço de 5,9% no acumulado dos últimos 12 meses. Ao mesmo tempo que a Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores, teve um avanço de 22,8% no início do ano, esse é o setor que mais acumula perdas nos últimos 12 meses, de 56,1%.
O avanço da produção industrial apresentado pelo IBGE contrasta com a pesquisa feita pela Fiepe junto a empresários do setor divulgada nesta quarta-feira (10). Dados do levantamento mostram que apenas 14,2% dos industriais acreditam em uma recuperação a curto prazo. Para eles, a recuperação só virá com adoção de medidas como a vacinação em massa, a aprovação da reforma tributária, os programas de recuperação fiscal em níveis federal e estadual e as políticas de fortalecimento do setor industrial, por ordem de prioridade.
Ainda de acordo com o levantamento, 37,3% dos empresários acreditam que vão sofrer com queda de faturamento e outros 48,5% vão se manter estagnados. A maior aflição dos empresários, hoje, está relacionada à dificuldade de encontrar os insumos para a produção. “Esse fato fica evidente, por exemplo, no caso do plástico e da celulose, que integram embalagens de diversos produtos da indústria de transformação, e dos insumos para a construção civil. Tanto que 70% deles ainda estão sofrendo com a escassez de matéria-prima e alta nos preços, que, para 24,4%, dos empresários já ultrapassa 60% de aumento” explica o gerente de Relações Industriais da Fiepe, Maurício Laranjeira.
A possibilidade de um novo lockdown também preocupa os empresários. “Mais de 65% dos empresários tiveram queda no seu faturamento e 47% deles precisaram demitir funcionários nesse período. Um cenário crítico que não pode ficar pior. O setor privado não tem lastro para suportar essa queda no consumo com uma nova paralisação total”, alerta o presidente da Fiepe, Ricardo Essinger.