RECIFE CONTRA COVID-19

Hospital de Campanha dos Coelhos não sai do papel por falta de Organização Social para administrar

Governo de Pernambuco já lançou dois editais de chamamento, mas não teve sucesso

Hospital de Campanha dos Coelhos - Andréa Rêgo Barros/PCR

Por conta do aumento exponencial de casos de infecção pelo novo coronavírus e a demanda crescente por leitos de internamento de média e alta complexidade, o Governo de Pernambuco lançou o projeto para reabrir um hospital de campanha no bairro dos Coelhos, na área central do Recife. 

O assunto vem sendo comentado há algumas semanas, mas está longe de sair do papel. Isso porque faltam Organizações Sociais de Saúde (OSS) interessadas em gerir a unidade. 

As OSS são instituições filantrópicas do terceiro setor, sem fins lucrativos, responsáveis pelo gerenciamento de serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o País, em parceria com as secretarias municipais e estaduais de saúde.

No ano passado, o Governo do Estado firmou parceria com a OSS do Hospital Tricentenário, para administração dos leitos abertos na Maternidade Brites de Albuquerque, em Olinda, e com o IMIP, para o Hospital de Referência à Covid-19 (antigo Alfa), em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Mas, agora, a gestão não está tendo sucesso. 

"Já colocamos o edital na rua por duas vezes para seleção da organização social que iria cuidar do projeto e, infelizmente, não apareceu nenhuma organização social interessada”, disse o secretário de Saúde do Estado, André Longo, em coletiva de imprensa remota, nesta quinta-feira (11). 

Cogita-se que a dificuldade em encontrar uma OSS para administrar o hospital de campanha nos Coelhos possar estar relacionada a contratempos ocorridos no ano passado, com operações da Polícia Federal em unidades ligadas, principalmente, às prefeituras do Recife e do Jaboatão dos Guararapes. 

"É certo que aquela caça às bruxas que houve em relação a essas organizações naquele período que se abriu hospitais de campanha, com operações, pode ter gerado um temor nessas organizações sociais em relação a esse novo projeto lançado. Mas a gente não pode relacionar diretamente uma coisa com a outra. O que a gente sabe é que lançamos por duas vezes o projeto e foi deserto”, pontuou Longo.

“Estamos procurando seguir todas as recomendações dos orgãoes de controle. Temos conversado, inclusive, com o Tribunal de Contas para que faça o acompanhamento desse processo”, completou o gestor. 

As OSS recebem custeio mensal não só pelo atendimento ao paciente, mas para todos os processos, desde a contratação de pessoal, procedimentos e serviço de apoio diagnóstico até o custeio de água e luz, equipagem e abastecimento de insumos básicos. É previsto que haja prestação de contas regulares e, se necessário, ao final do contrato, o ressarcimento ao Estado de valores não utilizados. 

Longo disse que o Governo do Estado segue tentando o acerto com uma Organização Social de Saúde, mas que existe um prazo viável para isso.

"Se não aparecer interessado, infelizmente ele vai ser deixado de lado e vamos continuar abrindo leitos nas unidades já existentes e em outras que estamos prospectando. Estamos insistindo ainda, mas, enquanto isso, já abrimos uma quantidade de leitos em quantidade superior ao projeto do hospital de campanha. E vamos continuar abrindo leitos, independente do hospital de campanha”, concluiu.