Desrespeito

Apesar das restrições, população parece não assimilar o momento difícil da pandemia em Pernambuco

Equipes de fiscalização definem trabalho de conscientização como "enxugar gelo"

Movimento na Praia de Boa Viagem, neste domingo (14), mesmo com decreto do Governo do Estado - Arthur Mota

No fim de semana decisivo para a Governo do Estado em relação às medidas restritivas contra a pandemia da Covid-19, desrespeito é a palavra que define o cenário encontrado nas praias do Recife. 

Enquanto as sirenes evidenciavam a movimentação intensa de ambulâncias na Avenida Boa Viagem, pessoas desrespeitavam o decreto que proíbe o banho de mar e atividades de lazer nas praias. 

As atuais medidas restritivas de Pernambuco não permitem o funcionamento do comércio não essencial e fecham praias e parques do Estado nos fins de semana. O atual decreto vai até esta quarta-feira (17), caso não haja prorrogação. 

Apenas atividades físicas individuais estão sendo permitidas, na praia e na orla, no intuito de evitar aglomerações. O objetivo é conter o aumento de casos e não colapsar o sistema de saúde. As UTIs da rede pública, por exemplo, têm uma ocupação de 95%, mesmo com a abertura de mais de 160 novos leitos durante a última semana. 

Na última semana, a Semana Epidemiológica (SE) 10, inclusive, o número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) - suspeitos para a Covid-19 - dispararam no Estado, com 1.065 notificações até o momento.

Apesar dos dados alarmantes, o que é visto na rua vai totalmente em desencontro com o que gestores e profissionais da linha de frente vêm pregando. 

"Estamos cansados. Viemos neste sábado (13) e já foi pior que o outro sábado. Hoje (domingo) está sendo o pior dia. É como enxugar gelo: pedimos para as pessoas saírem da água, elas saem e, quando viramos, elas voltam de novo", explica Marta Lima, secretária-executiva de Controle Urbano do Recife. 

Ela e uma equipe multidisciplinar estão tendo a tarefa de orientar os transeuntes das praias a não entrarem na água nem colocarem ponto fixo na areia. Entretanto, o trabalho é árduo: a equipe não é tão grande e as pessoas estão sendo hostis ao que vem sendo realizado na orla. 

"Eu não faço nem como funcionária pública, faço como cidadã. Que as pessoas se conscientizem e protejam os seus", conta Marta. 

Mais irregularidades
A reportagem da Folha de Pernambuco começou uma ronda a partir do Parque Dona Lindu. Em frente ao local, que está fechado sob o decreto, muitas pessoas praticavam atividades sem máscaras e faziam a ingestão de bebida alcoólica em quiosques que funcionavam clandestinamente - com apenas uma janela aberta.