Vacina contra Covid-19

Itália, França, Alemanha e Espanha suspendem vacinação com AstraZeneca por medo de trombose

Sem uma ligação comprovada até o momento, os países europeus pararam a vacinação mesmo com os níveis de contágio elevados

Laboratório AstraZeneca - Justin Tallis / AFP

Itália, França, Alemanha e Espanha se uniram nesta segunda-feira (15) a uma lista crescente de países que pararam de usar a vacina da AstraZeneca em meio a temores de relação com coágulos sanguíneos, embora a OMS tenha recomendado manter sua utilização.

Mais de 373 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus foram administradas em todo o mundo. A da AstraZeneca, uma das mais baratas, é crucial para as nações mais pobres, mas na Europa vários países (também Irlanda, Holanda, Dinamarca, Noruega e Bulgária) suspenderam sua aplicação por medo de que ela provoque trombose, o que não foi comprovado.

Apesar de seus níveis de contágio de Covid-19 permanecerem elevados, Itália, França, Alemanha e Espanha aderiram à medida por precaução.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) insistiu nesta segunda, porém, que essa vacina deve continuar a ser usada e anunciou que seus especialistas se reunirão na terça-feira para analisar a situação do imunizante.

"Não queremos que as pessoas entrem em pânico e, por enquanto, recomendamos que os países continuem a vacinar com a AstraZeneca", disse a cientista-chefe da instituição, Soumya Swaminathan.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou que vai realizar uma “reunião extraordinária” nesta quinta-feira sobre essa vacina, mas garantiu que seus benefícios ainda superaram os riscos.

O diretor do grupo de vacinas da Universidade de Oxford, Andrew Pollard, garantiu que "há evidências muito tranquilizadoras de que não há aumento no fenômeno de trombos aqui no Reino Unido, onde a maioria das doses da Europa foram administradas até agora".

Confinamento na Itália 
Embora as campanhas de vacinação avancem, a ameaça do vírus persiste. 

Na Itália, quase 40 milhões de pessoas iniciaram um novo confinamento nesta segunda devido ao aumento das infecções por variantes do coronavírus, com Roma e Milão desertas e divididas entre a tristeza e a esperança.

“Estou muito triste. Não esperava. Passar da zona amarela, com o café aberto, para a zona vermelha foi algo inesperado”, confessa Ana Cedeño, do popular café e bar Cinque, no bairro de Trastevere, em Roma.

As medidas incluem o fechamento de escolas, restaurantes, estabelecimentos comerciais e museus em três quartos do país. Os italianos foram incentivados a permanecer em casa, exceto para trabalhar, procurar um médico, ou por motivos de causa maior.

Na Alemanha, onde o governo flexibilizou recentemente algumas restrições, a associação de médicos de unidades de terapia intensiva pediu o retorno "imediato" de medidas severas para enfrentar a terceira onda da pandemia

A França, que espera evitar outra quarentena nacional, tenta descongestionar as UTIs da região de Paris, saturadas com a alta de casos de covid-19. Pacientes devem ser transferidos para outras áreas do país por via aérea e de trem.

A pandemia de coronavírus matou mais de 2,6 milhões de pessoas em todo mundo, e a maior parte da humanidade está submetida a restrições, de maior ou menor nível, contra a covid-19.

Portugal, que teve de impor um segundo confinamento geral em janeiro após a explosão de casos durante o Natal, reabriu nesta segunda creches, escolas, salões de beleza e livrarias, como parte de um plano de flexibilização gradual que prosseguirá até maio.

Produção da Sputnik V na Europa
Por sua vez, a Rússia anunciou nesta segunda acordos de produção da vacina anticovid Sputnik V com empresas da Itália, Espanha, França e Alemanha, à espera de sua homologação na União Europeia (UE).

"Há outras conversas em curso para aumentar a produção na UE. Isso permitirá começar a abastecer o mercado único europeu com a Sputnik V, assim que a EMA aprovar", afirmou em comunicado o presidente do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), Kirill Dmitriev.

Até o momento, a EMA autorizou o uso de quatro vacinas: Pfizer-BioNTech, Moderna, AstraZeneca e Johnson & Johnson.

O imunizante da AstraZeneca constitui a maior parte das doses enviadas para países pobres por meio do programa Covax, apoiado pela OMS, para garantir a vacinação em todo o mundo. Na América Latina, quatro países receberam doses por meio desse sistema: Guatemala, El Salvador, Peru e Colômbia, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Os Estados Unidos também pisaram no acelerador e já administraram mais de 107 milhões de doses.

O país, o mais afetado pela pandemia com mais de 534.000 mortos, aplicou mais de dois milhões de doses por dia na semana passada, de acordo com os Centros de Controle de Doenças (CDC). Até o momento, 21% dos americanos receberam ao menos uma dose da vacina.