Medidas preocupam setor produtivo de Pernambuco
Entidades concordam com a necessidade da adoção de medidas de combate à Covid-19, mas estão preocupados com as eventuais consequências da quarentena
O setor produtivo de Pernambuco está preocupado com as novas medidas de restrição anunciadas ontem pelo Governo de Pernambuco. A decisão prevê o funcionamento apenas das atividades essenciais a partir da próxima quinta-feira (18), até o dia 28 deste mês. As entidades temem que a quarentena possa prejudicar a manutenção de empresas e empregos, mas reconhecem a necessidade de mais rigor no combate à Covid-19 no Estado.
Para o presidente da Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce), Paulo Carneiro, os shoppings, um dos setores impactados, são ambientes controlados, e poderiam ter funcionamento presencial. “Haverá um impacto econômico expressivo para os lojistas, que deixarão de fazer as suas vendas e girar a economia, ameaçando empregos. Não é possível medir este impacto ainda”, destaca.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Bernardo Peixoto, espera que o período não seja prorrogado. “É uma situação muito difícil que estamos passando, é impossível as empresas aguentarem mais, estamos na segunda quinzena, uma situação muito difícil. Gostaríamos de ter uma previsão de pelo menos sete dias de qualquer decisão, ficaria mais fácil de preparar e tomar decisões”, declarou.
De acordo com o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Pernambuco (FCDL-PE), Eduardo Catão, é preciso avaliar a situação das cidades do interior para não sofrer impactos sem necessidade. “Geramos muitos empregos, impostos, e já com o lockdown do ano passado houve queda de vendas que ninguém recuperou, assim como o fechamento de lojas. Medidas agressivas acarretam no fechamento de mais lojas e mais desemprego”, declarou.
Na avaliação do presidente do Movimento Pró-Pernambuco, Avelar Loureiro Filho, o setor produtivo deverá buscar mais diálogo para que as decisões não atrapalhem os segmentos. "Em linhas gerais, era o que o setor esperava. O que tem que fazer é manter o diálogo para saber como administrar esse momento e sair dessa situação. Na próxima quinta estaremos em reunião com representantes do Governo de Pernambuco em busca de soluções para minimizar o impacto”, contou.
Mesmo com o funcionamento permitido, as indústrias avaliam que é preciso união para preservar também empresas e empregos, como se posicionou a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe). “Sabemos das limitações enfrentadas pelo poder público em todos os níveis, mas é preciso que cada um faça a sua parte. Assim como as empresas vem se sacrificando, os governos também precisam reduzir seu custeio com a máquina e destinar maior verba para investimentos, principalmente em saúde. Precisamos sim salvar vidas e estamos nessa luta juntos, mas, sobretudo, necessitamos de contrapartidas para manter os empregos e os negócios firmes”, disse em nota.
Outro setor que desta vez terá o funcionamento permitido é o da construção civil, que teve reconhecimento de sua importância, como conta o presidente do Sindicato da Construção Civil do Estado (Sinduscon), Érico Furtado. “Além de empregarmos um contingente de 60 mil trabalhadores, cumprimos um papel importante na economia, uma vez que somos responsáveis pela aquisição de diversos insumos e serviços. Estamos sempre priorizando o cuidado com a vida”, ressalta.