Declaração

Bolsonaro condena prisão de ex-presidente da Bolívia e diz que acusação é 'descabida'

Na segunda (16), a Justiça boliviana fixou em quatro meses a pena de prisão preventiva

Presidente Bolsonaro - Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro condenou nesta terça-feira (16) a prisão da ex-presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez , e disse que a acusação feita contra ela é "descabida".

"A defesa e promoção da democracia é um dos princípios basilares do Prosul [Foro para o Progresso da América do Sul]. Nesse sentido, nos preocupam os acontecimentos em curso na Bolívia, nosso vizinho e país irmão, onde a ex-presidente Jeanine Añez e outras autoridades foram presas sob alegação de participação em golpe, o que nos parece totalmente descabida. Esperamos que a Bolívia mantenha em plena vigência o Estado de Direito e a convivência democrática", declarou Bolsonaro, durante cúpula de chefes de governo do Prosul.

O Prosul é uma aliança de países sul-americanos criada em 2019 para isolar a Venezuela do regime de Nicolás Maduro.
Añez foi presidente da Bolívia entre novembro de 2019 e novembro de 2020. Ela assumiu o poder na esteira da renúncia de Evo Morales, num processo considerado um golpe de Estado por partidários do líder de esquerda.

 



Ela deixou o governo boliviano após a vitória eleitoral de Luis Arce, aliado de Evo. Sua prisão ocorreu no sábado (13). Ela foi encontrada pelos agentes escondida em uma cama box.

Na segunda (16), a Justiça boliviana fixou em quatro meses a pena de prisão preventiva. Ela é acusada de conspiração, sedição e terrorismo durante os dias que se seguiram à renúncia de Evo.

A denúncia contra a ex-presidente foi apresentada por um bloco de deputados e ex-deputados ligados ao partido de Evo. No processo, a Promotoria acusa a cúpula do governo de Añez de ter causado mais de 30 mortes na repressão aos protestos após a saída do líder indígena.

As acusações de "sedição, conspiração e terrorismo" referem-se ao modo como Añez atuou no período em que esteve interinamente no poder –entre 12 de novembro de 2019, dois dias depois da renúncia de Evo, e 8 de novembro de 2020, quando Arce assumiu depois de vencer as eleições realizadas em outubro.

As penas para os crimes descritos, caso sejam confirmadas, vão de 5 a 20 anos de prisão.

Añez afirma que sua prisão é ilegal e um ato de perseguição política e que o governo a "acusa de ter participado de um golpe de Estado que nunca ocorreu".