Economia

Copom surpreende e eleva Selic a 2,75% na primeira alta em 6 anos

A Selic estava em seu menor patamar desde agosto do ano passado, a 2% ao ano, como resposta à crise gerada pela pandemia de Covid-19

Banco Central - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A escalada persistente dos preços, observada nos últimos meses, levou o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central a elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, a 2,75% ao ano, nesta quarta-feira (17).
Esta é a primeira elevação desde junho de 2015, quando a autoridade monetária decidiu subir os juros em 0,5 ponto, a 14,25% ao ano.

A decisão está acima das expectativas do mercado. A maior parte dos economistas consultados pela Bloomberg esperavam elevação de 0,5 ponto, mas alguns apostavam em uma alta mais gradual, de 0,25.

A Selic estava em seu menor patamar desde agosto do ano passado, a 2% ao ano, como resposta à crise gerada pela pandemia de Covid-19.
 


O controle da inflação é a principal atribuição da autoridade monetária. Para isso, o BC define a meta da taxa básica de juros.
Quando a inflação está alta, o Copom sobe os juros com o objetivo de reduzir o estímulo na atividade econômica, o que diminui o consumo e equilibra os preços. Caso contrário, o BC pode reduzir juros para estimular a economia.

Em suas últimas comunicações oficiais, o BC reiterou que a inflação era temporária. Entretanto, na decisão pass
ada, em fevereiro, o Copom já admitiu que se prolongou além do esperado e abandonou o compromisso de não subir juros, chamado de "forward guidance".

Atualmente, o país convive com o agravamento da pandemia -com aumento no número de casos e mortes pela doença e novas medidas de isolamento– que deve impactar a atividade econômica. Ao mesmo tempo, o brasileiro vê seu poder de compra ser corroído pela inflação.

Segundo o relatório Focus desta semana, no qual o BC divulga as projeções do mercado, os economistas subiram mais as expectativas de inflação para 2021, que ficaram em 4,60%. A previsão está acima do centro da meta fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 3,75%, com tolerância 1,5 ponto percentual. Há um mês, a estimativa era de 3,62%.
De acordo com o levantamento, o mercado espera que a Selic termine o ano a 4,50%, com nova alta de 0,5 ponto em maio (a 3,0%).

Em fevereiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), considerado o índice de inflação oficial, ficou em 5,20% no acumulado dos 12 meses, perto do teto da meta, pressionado principalmente por alimentos e combustíveis.