Justiça

Esposa de massagista do Náutico contesta prisão: 'Única semelhança é o nome'

Crime que motivou a prisão de Paulinho foi um assalto a ônibus que aconteceu no dia 25 de dezembro, às 10h, nas proximidades da Ilha de Joana Bezerra

Paulo Marinho e sua esposa, Amanda Araújo. - Acervo Pessoal

A prisão de Paulo Mariano, massagista do Náutico, pegou amigos e familiares de surpresa. Paulinho, como é mais conhecido no clube, foi preso no local de trabalho, no último dia 24 de fevereiro, sob a acusação de ter participado de um assalto a ônibus no dia 25 de dezembro. A reportagem da Folha de Pernambuco ouviu a esposa de Paulinho, Amanda Araújo, e sua advogada, Virginia Kelle da Silva Barreto, que tentam comprovar que ele está preso injustamente.

Amanda relatou como foi a prisão do marido: "Era um dia normal de trabalho, a gente estava conversando por mensagens de celular e ele falou que tinha uns policiais atrás dele. Aí ele disse: 'Eu vou ver aqui o que é, provavelmente não deve ser nada demais. Quando viu, era um mandato de prisão contra ele. Aí levaram ele para a delegacia e depois direto pro Cotel. Até então, a gente não sabia do que se tratava. Aí a gente teve que entrar em contato com advogados para saber o que era esse processo".

O crime que motivou a prisão de Paulinho foi um assalto a ônibus que aconteceu no dia 25 de dezembro, às 10h, nas proximidades da Ilha de Joana Bezerra. Amanda alega a inocência do marido e destaca que existe um registro do momento do assalto, já acostado pela defesa aos autos, onde é possível identificar não se tratar da mesma pessoa. "Tem um vídeo da filmagem do ônibus que mostra que a pessoa que cometeu o crime, o Mariano, é totalmente diferente do meu marido", contou. 

O fato do sobrenome do seu marido ser Mariano, segundo a esposa, foi usado para incriminá-lo. "A principio, a gente pensou que era uma pessoa com o mesmo nome que ele. Mas, na verdade, não. A única semelhança é que o nome do cara é Mariano. Ninguém chama meu marido de Mariano, ele é conhecido como Paulinho nos clubes em que passou, que também é o apelido do pai dele. E, aqui em casa, a gente chama ele de Neto ou Netinho. Foi assim que começou toda essa luta, esse pesadelo que está acontecendo", desabafou Amanda.

"No depoimento, o menor diz que cometeu o assalto com Mariano, esposo de Tassi, ex-mulher de Aldair. Enfim, são pessoas conhecidas, mas meu esposo nunca teve nenhuma [esposa chamada] Tassi. A gente está junto há seis anos", argumenta.

O crime aconteceu em um dia de Natal, o que, para a esposa, reforça a inocência do marido. "A vida da gente é basicamente de casa pro trabalho. A gente tem dois filhinhos, o mais velho tem três anos e a mais novinha tem um ano. Então, é assim. A gente praticamente não sai e, quando sai, é em programa em família. Na época no Natal, como em todos os Natais, a gente estava em casa com vizinhos", lembrou.

"Ele é uma pessoa boa, doce, íntegro, honesto, um menino doce. Sou suspeita pra falar, claro, sou esposa dele. Mas, se você entrar nas redes dele, vai ver que, nessa campanha que estamos fazendo, todo mundo fala de uma boca só que acredita na inocência dele, porque todo mundo o conhece. Ele trabalha no Náutico, mas já trabalhou em outros clubes", completa Amanda.

Segundo a advogada de defesa, Virginia Kelle da Silva Barreto, as provas apresentadas são suficientes para atestar a inocência de Paulo Mariano. "A defesa de Paulo já acostou aos autos documentos que comprovam que a pessoa das imagens do circuito das câmeras não se trata de Paulo Mariano, contudo a defesa sabe que o momento processual não é o da absolvição do mesmo posto que todo processo seu trâmite legal e por isso que foi impetrado o Habeas Corpus (HC) para que seja concedida a liberdade provisória do mesmo, para que ele tenha o oportunidade de provar sua inocência livre do cárcere", explicou.

Sobre a negativa do primeiro HC impetrado pela defesa, a advogada explica que ela ainda pode ser considerado pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco. "O que foi negado foi apenas a Liminar do Habeas Corpus, que foi interposto em Plantão Judicial e a defesa tem consciência de que, muitas vezes, no plantão, fica difícil avaliar toda questão por conta demanda e o curto lapso temporal que o desembargador plantonista tem. Por isso, o HC seguiu para análise pela Primeira Câmara Criminal. Nossa expectativa é para que agora com a apreciação mais minuciosa seja deferida a liberdade de Paulo", disse.

O TJPE manteve a nota enviada para comentar a reportagem anterior que a Folha de Pernambuco fez sobre o caso.

Por meio de nota, o Clube Náutico Capibaribe para "esclarecer os fatos acerca da prisão, na nossa visão errônea, do massagista da equipe profissional alvirrubra, Paulo Mariano de Arruda Neto. Paulinho, como é carinhosamente chamado por todos que fazem o dia a dia do CT Wilson Campos, foi preso no último dia 22 de fevereiro, acusado de participar de um assalto a ônibus no dia 25 de dezembro de 2018.

Paulinho havia chegado para trabalhar, assim como fazia todos os dias, quando foi conduzido por policiais civis até a delegacia. Desde então, o massagista encontra-se preso no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (COTEL), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

Ciente do fato, o departamento jurídico alvirrubro passou a prestar todo tipo de assistência e apoio à família de Paulo. A pasta também teve acesso ao inquérito policial. O processo em questão é de 2019. Nele, há o endereço e dados de Paulo Mariano, mesmo assim ele nunca foi intimado a depor. Diante da ausência de provas concretas nos autos, não duvidamos da sua inocência.

Paulo Mariano de Arruda Neto é pai de duas crianças, casado e funcionário exemplar. Possui emprego fixo, ao qual exerce de maneira digna e honesta. Paulinho é querido por todos que fazem o Clube Náutico Capibaribe, seja dirigentes, funcionários, atletas ou comissão técnica. Entendemos o papel e a importância da Justiça para a nossa sociedade, por isso pedimos que ela seja feita e o nosso amigo liberto".

Apoios
Depois do treinador do Náutico, Hélio dos Anjos, ter mandado uma mensagem de solidariedade a Paulo Mariano em reportagem na edição de quarta (17) do Globo Esporte, foi a vez do ídolo do clube Kuki e comissão técnica do Timbu publicarem um vídeo de apoio ao masagista, reforçando a campanha por sua libertação.

Confira: