Coronavírus

Sem apontar culpados, Lira qualifica crise de Covid-19 no Brasil de vexame internacional

Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP - AL) - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Com discurso em defesa da união entre os Poderes e sem querer apontar culpados, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira (18) que é preciso ampliar a vacinação e aumentar o número de leitos para "evitar essa agonia e esse vexame internacional", em referência à crise sanitária no país causada pela Covid-19.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), por sua vez, cobrou ações do Ministério da Saúde e coordenação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no enfrentamento à pandemia.

Nos últimos dias, várias cidades decretaram lockdown para tentar conter a disseminação do coronavírus, após um colapso no sistema de saúde e um aumento do número de mortes. Na quarta-feira (17), o país registrou 2.736 mortes por Covid, o segundo maior número da pandemia, e completou 19 dias seguidos de recordes na média móvel de óbitos, que agora chegou a 2.031.
 


Lira participou de uma videoconferência com o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), promovida pela Conjur.

Na conversa, Lira, líder do centrão, foi questionado sobre quais medidas podiam ser adotadas para que o país saísse da atual situação de crise sanitária. O deputado destacou, entre outros projetos aprovados pelo Congresso, um que facilita a compra da vacina por estados, municípios e empresas.

"Não há outras medidas hoje que não sejam facilitar a compra de vacinação, o aumento de leitos e o aumento de vacinas", disse. "Os brasileiros precisam ter esse conforto, e nós precisamos evitar essa agonia e esse vexame internacional."
Segundo ele, a atual onda da pandemia se dá em um momento em que todos imaginavam que a situação estava sob controle.

"Houve um desguarnecimento dos governadores, dos prefeitos, na desmobilização dos hospitais de campanha, das UTIs", afirmou.

"E com essa crise de hoje eu penso que nós temos que nos unir a todos, Judiciário, Legislativo, Executivo, Ministério, a sociedade civil, os empresários, os grandes hospitais, os grandes componentes aí de planos de saúde, para que a gente possa fazer um movimento único, um projeto único para o Brasil, para ter um plano de saída de guerra para este momento que nos aflige a todos."

Lira criticou a gestão do Ministério da Saúde de Eduardo Pazuello e disse que houve "uma certa celeuma, uma certa crise", porque a programação de vacinação depende de fatores.

"Não tivemos um retorno correto por parte, em determinado momento, do Ministério da Saúde, e causou toda essa crise com o ministro Pazuello."

O presidente da Câmara criticou o atraso na vacinação e afirmou que é preciso tomar providências para agilizar o processo, mas "sem apontar culpados, sem apontar dedos."

"Mas tomarmos providências para que a gente consiga vacinar em massa mensalmente um número bastante razoável de brasileiros", afirmou. "Porque nós somos de longe o país em que mais crescem os casos de contaminação e de mais mortes no mundo. Então nós temos, sim, que nos unir, sem estar apontando justamente culpados."

Já o ministro Gilmar Mendes criticou o presidente Jair Bolsonaro por frequentemente distorcer decisão do STF e afirmar que o Supremo retirou do Executivo o poder de adotar medidas para conter a pandemia.

"Você sabe muito bem que o SUS [Sistema Único de Saúde] é um composto por um experimento institucional que permite uma composição da União, dos estados e dos municípios", disse. "Mas surgiu, infelizmente, essa querela federativa de quem é competente para que, para decretar eventualmente lockdown, para fazer isolamento social, surgiu uma grande confusão."

Segundo Mendes, o Supremo tentou esclarecer, na decisão, que "quem tem competência para gerir um sistema hospitalar tem também competência para decretar lockdown, para preconizar o isolamento social".
"O que levou o presidente da República a falar que o presidente [do STF] o tinha impedido de agir. Mas isso foi impróprio", afirmou.

Na mesma linha de Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), defendeu união, com os principais atores sentando à mesa para discutir e planejar o enfrentamento. Pacheco, no entanto, cobrou coordenação do presidente da República Jair Bolsonaro.

"Sentar à mesa, planejar e AGIR, o mais rapidamente possível. Isso é fundamental! A situação crítica do Brasil exige coordenação do presidente da República, ações do Ministério da Saúde e toda a colaboração dos demais Poderes, governadores, prefeitos e instituições", escreveu Pacheco em suas redes sociais.