Indicado ao Oscar, dinamarquês 'Druk' discute os efeitos do álcool
Filme do diretor Thomas Vinterberg chega aos serviços de streaming nesta quinta-feira (25)
O cineasta Thomas Vinterberg é conhecido por desnudar a sociedade dinamarquesa em sua filmografia. Obras como “Festa em família" (1998) e “A caça” (2012) mostram que, mesmo em um país rico e desenvolvido, há conflitos causados pela complexidade das relações humanas. Em “Druk - Mais uma rodada”, seu novo longa-metragem, o diretor traz à tona um assunto latente e delicado em sua terra de origem: o alcoolismo.
Com estreia no Brasil marcada para esta quinta-feira (25), o filme chega simultaneamente nos cinemas (em cidades onde ainda há salas abertas) e nas plataformas de vídeo sob demanda (NOW, iTunes/Apple TV, Google Play e YouTube Filmes). O lançamento é chancelado pelo bom desempenho do longa nas principais premiações. Indicado ao Globo de Ouro, ele concorre em quatro categorias do Bafta e é ainda um dos favoritos ao Oscar de melhor filme internacional.
Competições à parte, “Druk” é uma produção que vale a pena conferir. A trama acompanha o professor de História Martin, interpretado pelo ótimo Mads Mikkelsen. Ao lado de outros três professores do ensino médio, ele resolve encarar um experimento que consiste em se embebedar como forma de melhorar seu desempenho na vida.
Martin contradiz a eficiência do “hygge”, a apregoada filosofia de aconchego apontada como o motivo para a Dinamarca estar sempre nas primeiras posições do ranking de nações mais felizes do mundo. Ignorado pela esposa e pelos filhos, criticado pelos alunos por seu desempenho em sala de aula, o protagonista se vê diante da frustração e do vazio existencial.
Também insatisfeitos com suas próprias vidas, os amigos de Martin sugerem testar a teoria do psiquiatra norueguês Finn Skarderud. O estudioso defende que os humanos nascem com um déficit de 0,05% de álcool no sangue. Corrigir tal deficiência, portanto, garantiria melhorias no convívio social e no campo intelectual. Assumindo a função de cobaias, os quatro passam a beber todos os dias, inclusive durante o expediente, monitorando seus índices alcoólicos e registrando tudo numa espécie de diário.
Enquanto o grupo avança em sua pesquisa nada ortodoxa, o longa oferece ao público uma mescla de momentos de riso, vergonha alheia e consternação. No primeiro momento, o experimento até traz resultados satisfatórios ao quarteto, que resolve ir além na bebedeira. É quando chega ao fundo do poço que Martin se dá conta de que precisa lidar com os próprios demônios com sobriedade.
Embora pinte um retrato da sociedade dinamarquesa, “Druk” escancara uma discussão comum a tantos outros países. No momento em que o isolamento social acende o alerta para o uso excessivo de bebidas alcoólicas, Vinterberg toca no assunto sem “apontar o dedo”. Não há moralismo na abordagem do diretor sobre o tema. De fato, seu filme parece estar menos preocupado em passar uma mensagem do que compreender a situação a partir de um olhar empático.