Garimpo ilegal aumenta em terras indígenas yanomami no Brasil, diz informe
Uma das principais causas de destruição ambiental na floresta amazônica, a atividade avançou 30% no ano passado
O garimpo ilegal, uma das principais causas de destruição ambiental na floresta amazônica, avançou 30% no ano passado sobre terras protegidas dos indígenas yanomami, devastando o equivalente a 500 campos de futebol, segundo um informe publicado nesta quinta-feira (25).
Este aumento elevou a quantidade total de terra desmatada pelos garimpeiros ilegais na reserva dos yanomami, no norte do Brasil, a 2.400 hectares, mais de sete vezes o tamanho do Central Park, em Nova York, segundo o informe de duas associações indígenas.
A mineração ilegal de ouro e diamantes é um grande negócio na Amazônia e, segundo o informe, acelerou-se nas terras dos yanomami em 2020, quando a pandemia de coronavírus levou as autoridades ambientais a reduzir as operações de controle.
"Você vê a água suja, o rio amarelado, tudo esburacado. Homem garimpeiro é como um porco de criação da cidade", disse o xamã yanomami Davi Kopenawa, líder de um dos grupos que impulsionaram o informe, a Associação Hutukara Yanomami (HAY).
"Estão entrando como animais com fome, à procura da riqueza da nossa terra. Está avançando muito rápido. Está chegando no meio da terra Yanomami", afirmou, em um comunicado.
Kopenawa disse que sua comunidade temia um conflito com os garimpeiros, que costumam andar armados.
Em junho, garimpeiros ilegais mataram a tiros dois jovens yanomami, e a HAY advertiu que as tensões poderiam escalar em um "ciclo de violência".
No mês passado, os garimpeiros atacaram a aldeia indígena de Helepe, o que provocou enfrentamentos que deixaram um indígena ferido e um garimpeiro morto, segundo o grupo.
Os yanomami, conhecidos por suas pinturas e perfurações faciais, viveram isolados até meados do século XX.
Eles mantêm conflitos com os garimpeiros ilegais desde a década de 1970.
Junto com doenças, como o sarampo e a malária, os conflitos dizimaram a população yanomami, que chega atualmente a 27 mil indivíduos.
As autoridades indígenas também advertiram que existe o risco de que garimpeiros ilegais com covid-19 infectem membros dos yanomami.