EUA

Biden avisa que haverá resposta se Coreia do Norte continuar com testes de mísseis

O Estado nuclearizado ao norte da Península Coreana tem uma longa história de uso de testes de armas como provocação e tentativa de intimidação

Presidente americano, Joe Biden - CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou a Coreia do Norte que seu país dará uma "resposta apropriada" se houver uma escalada de testes balísticos, após os norte-coreanos dispararem dois mísseis nesta quinta-feira (25), o que foi interpretado como uma primeira provocação séria à nova administração americana.

O Estado nuclearizado ao norte da Península Coreana tem uma longa história de uso de testes de armas como provocação e tentativa de intimidação, em um processo cuidadosamente calibrado para atingir seus objetivos.

"Estamos consultando nossos parceiros e aliados", disse o presidente dos Estados Unidos na primeira entrevista coletiva de seu mandato. "E haverá uma resposta se eles optarem por uma escalada". Será uma "resposta apropriada", acrescentou.
 

Biden também disse que está "preparado para alguma forma de diplomacia" com Pyongyang, mas esta "tem que estar condicionada à desnuclearização" norte-coreana.

Pouco depois, a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA informou que o teste realizado pelo país nesta quinta-feira foi de um novo "projétil tático guiado" com um motor a combustível sólido.

Ainda segundo a KCNA, o lançamento, supervisionado pelo funcionário de alto escalão Ri Pyong Chol, foi "de uma grande importância para melhorar as capacidades militares do país".

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul relatou que o Norte havia lançado dois mísseis no Mar do Japão, conhecido como Mar do Leste pelos coreanos, da província meridional de Hamgyong.

Os mísseis percorreram 450 quilômetros e atingiram uma altitude máxima de 60 quilômetros, informou o Estado-Maior sul-coreano, que não especificou o tipo de míssil. Após uma reunião de emergência, o Conselho de Segurança Nacional expressou sua "profunda preocupação" com os lançamentos.

O Conselho de Segurança da ONU, por meio de suas resoluções, proibiu a Coreia do Norte, que possui armamento nuclear, de desenvolver mísseis balísticos. Mas, sob a presidência de Kim Jong Un, construiu um arsenal e testou mísseis capazes de atingir o território continental dos Estados Unidos desde que as relações se deterioraram em 2017.

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, foi categórico e garantiu que "a Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos".

O último destes lançamentos data de 29 de março de 2020.

“Isso ameaça a segurança do nosso país e da região. Também é uma violação da resolução da ONU”, declarou o chefe do governo japonês.

De acordo com Tóquio, os mísseis caíram fora das águas de sua zona econômica exclusiva.

Alemanha, França e Reino Unido condenaram os testes como violações das resoluções da ONU. O ministro britânico para a Ásia, Nigel Adams, também alertou a Coreia do Norte para se abster de mais provocações e "entrar em negociações significativas com os Estados Unidos".

Comportamento "familiar" 
O primeiro ano da presidência de Donald Trump foi marcado por uma série de lançamentos e testes, acompanhados de uma linguagem bélica entre ambos os líderes.

Pouco depois, Trump e Kim embarcaram em uma lua de mel diplomática inesperada, marcada por cúpulas históricas em Cingapura e Hanói entre os dois líderes.

Os Estados Unidos retiraram-se de alguns exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul e o Norte paralisou os testes com mísseis balísticos intercontinentais.

Mas a cúpula de Hanói, em fevereiro de 2019, não conseguiu remover as sanções em troca de eventuais medidas de desarmamento.

A comunicação foi suspensa, apesar de um terceiro encontro na Zona Desmilitarizada que divide a península coreana. Desde então, não houve nenhum progresso substancial para a desnuclearização do Norte.

"Parece que a Coreia do Norte está voltando ao modelo familiar de usar provocações para chamar atenção", analisou Jean Lee, do Wilson Center, em Washington.

Pyongyang conduziu uma série de testes no ano passado de armas que chamou de "artilharia de longo alcance", embora outros os descrevam como mísseis balísticos de curto alcance.

Trump "queria fechar os olhos para os lançamentos balísticos da Coreia do Norte, desde que não fossem testes de mísseis de longo alcance", lembrou Lee. “Mas eu suspeito que o governo Biden enfrentará qualquer lançamento de míssil balístico que viole as resoluções do Conselho de Segurança da ONU”.

Sem comunicação 
A Coreia do Norte lançou dois mísseis na direção da China no domingo, logo após exercícios militares conjuntos entre EUA e Coreia do Sul e uma visita a Seul do secretário de Estado americano, Antony Blinken, e do secretário de Defesa, Lloyd Austin.

Mas o governo americano minimizou a importância dos disparos de mísseis não balísticos.

Durante sua viagem a Seul e Tóquio, Blinken enfatizou a importância de desnuclearizar a Coreia do Norte.

Autoridades norte-americanas disseram que o governo Biden tentou, desde sua posse em janeiro, entrar em contato com as autoridades norte-coreanas por diferentes canais, sem sucesso.

Casa Branca está finalizando uma estratégia que discutirá com autoridades de segurança japonesas e sul-coreanas na próxima semana.