Imóveis

Valorização da casa própria e crédito puxam vendas do setor

Com a necessidade de ficar em casa, em virtude da pandemia, aflorou o amor das pessoas pelo ambiente familiar. O resultado foi um crescimento robusto da procura pelo imóvel próprio

A oferta de financiamento com juros baixos é determinante na expansão da comercialização de imóveis - Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco

A  adesão ao crédito imobiliário tem ganhado destaque no mercado brasileiro. Esse resultado, segundo o setor financeiro, é consequência da Selic mais baixa - atualmente em 2% ao ano, o que reduz os juros habitacionais - e também de uma demanda maior por imóveis decorrente da pandemia da Covid-19. O isolamento social fez as pessoas valorizarem ainda mais o lar, o ambiente familiar, estimulando a compra da primeira casa própria ou de uma maior. Para se ter uma ideia, de acordo com a Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os contratos imobiliários com recursos da poupança tiveram uma sequência de recordes no ano passado e devem crescer mais de 20% este ano.

Pelo levantamento da Abecip, os financiamentos imobiliários em 2020 chegaram a R$ 123,9 bilhões, um aumento de 58% em comparação a 2019. Este foi um recorde histórico com esses recursos, pois superou o patamar de 2014, quando os financiamentos acumularam R$ 112,9 bilhões. A sequência desse levantamento é feita desde 1994. Apenas em dezembro, a concessão de R$ 17,5 bilhões representou o maior volume nominal mensal desde o lançamento do Plano Real em julho de 1994.

Com base no resultado de 2020, a expectativa do setor é que o crédito imobiliário cresça 21% em 2021. Nas linhas com financiamento pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), a projeção da Abecip é que a alta seja de 27%.

Maior banco financiador da casa própria no País, com 68,8% do mercado, a Caixa Econômica Federal registrou resultado recorde no crédito imobiliário em 2020. A carteira de crédito habitacional da Caixa alcançou “mais de meio trilhão de reais em 2020, atingindo o volume de R$ 509,8 bilhões e 5,6 milhões de contratos”. Segundo o banco, esse resultado é fruto direto de ações adotadas nos últimos dois anos, que incluem as reduções de taxas, criação de produtos e implementação da jornada digital do financiamento.

O banco decidiu, no início de março, disponibilizar uma nova opção de financiamento imobiliário, que terá taxas de juros atreladas ao percentual de rendimento da poupança, mais um percentual que vai variar de acordo com o perfil do cliente. Inicialmente, a Caixa prevê destinar R$ 30 bilhões à nova modalidade.

As modalidades de crédito imobiliário oferecidas pela Caixa incluem a Poupança, a Taxa Referencial (TR), a Taxa de Juros Fixa, o crédito com Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Financiamento de Lote Urbanizado Residencial, e outras opções. De acordo com a Caixa, o financiamento vai depender da idade do requerente, capacidade de pagamento. Já a taxa de juros dependerá do relacionamento com o banco, entre outras características. Os interessados podem fazer uma simulação no site e no aplicativo Habitação Caixa.

Bom investimento

A queda no rendimento da poupança - e de outras aplicações - fez com que as famílias aproveitassem o momento de juros mais baixos e de facilidade de financiamento bancário de imóveis para realizar a compra da casa ou escritório próprio. Os investidores também voltaram a ver na compra de um imóvel e no seu aluguel uma opção segura e excelente de renda futura.

“Sem dúvida vale a pena comprar para alugar. No nosso entendimento, os preços dos imóveis ainda estão baixos, porém com tendência de alta. Isso ocorre por duas razões: a primeira é que o mercado imobiliário vivia, até bem pouco tempo, uma crise com poucos lançamentos, vendas fracas e preços baixos e, a segunda razão é a guinada do setor, que deixa a crise para trás em um movimento consistente e duradouro de crescimento nos lançamentos, vendas fortes e elevação nos preços. Além disso, a facilidade de obtenção de financiamento com juros atraentes permite o investimento visando não só a valorização patrimonial, mas o aluguel, que atualmente, representa o dobro ou triplo do rendimento da taxa Selic”, avaliou o presidente do Sindicato da Habitação de Pernambuco (Secovi-PE), Márcio Gomes.

Para o presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Avelar Loureiro, com a queda no rendimento da poupança e outras aplicações, o imóvel também se tornou um porto seguro. “Alugar rende o valor da inflação e do próprio aluguel”, disse Loureiro.