Imóveis

Mercado antecipa tendências para transformação da moradia

Atentas às necessidades e demandas criadas após a pandemia da Covid-19, empresas e profissionais do setor buscam soluções para ajudar a melhorar a qualidade de vida e fazer de casa um lugar de proteção e aconchego

As academias externas estão sendo projetadas para que as pessoas se exercitem no prédio onde moram, mas ao ar livre - Divulgação

Olhar atentamente e enxergar as demandas dos clientes são atitudes que permitem que as construtoras se destaquem no mercado. Assim como é preciso olhar para a sua casa e entender as necessidades de mudanças que vão fazer a sua família se sentir mais à vontade no lar. Essas avaliações diferenciadas têm ocorrido muito mais devido à pandemia da Covid-19. Hoje, as construtoras estão em busca de soluções, enquanto as pessoas querem transformar suas residências.

“O senso comum do que é a casa classifica como o local que nos restabelece depois do trabalho, que é refúgio, onde você troca de roupa e vai dormir. Com a pandemia, as pessoas viram que era mais do que isso, a casa é um abrigo e se insere muito mais na vida de todos. Numa situação tão caótica e de risco, a casa é o único lugar de proteção”, comentou a professora de Arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Lúcia Leitão.

Um mobiliário confortável e ergométrico é uma das indicações para melhorar a qualidade de vida dentro do lar e é uma mudança que pode ser feita através de pequenas intervenções. “Estabelecer esses pontos pode fazer a diferença. Por exemplo, um ambiente confortável com um quadro que você goste colocado no ambiente que você fique mais tempo, uma almofada no chão para uma pausa, até mesmo selecionar um espaço para você ficar em pé, já que ficamos muito tempo sentados, são algumas opções”, sugeriu a arquiteta e urbanista  Tâmara Maysa, fundadora da Lazo Arquitetura.

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Ninguém lembrava do escritório, mas hoje muita gente está priorizando esse espaço para trabalho e estudo”, Tâmara Maysa, Arquiteta e Urbanista fundadora da Lazo Arquitetura. Foto: Divulgação

“A ergonomia do ambiente construído são as adaptações do espaço para que a gente desenvolva as tarefas de formas repetitivas sem causar nenhum problema de saúde. Por exemplo, comprar mesas com áreas arredondadas para facilitar a posição dos braços apoiados na mesa quando for usar o computador, para quem trabalha na cozinha é importante ter as facilidades dos utensílios na sua altura para não precisar ficar levantando ou abaixando”, indicou Tâmara.

No home office, é interessante ter-se uma identificação do seu local de produção. “Ninguém lembrava do escritório antes, mas hoje muita gente já está priorizando esse espaço para trabalho e estudo. Adaptar um quarto ou aquele famoso quartinho da bagunça para fazer  sua produção é uma boa dica, porque existe, em muitos casos, dificuldade de trabalhar na sala por não encontrar ali seu local de produção”, sugeriu Tâmara.

“Adaptar pontos de tomadas e rede de internet, trocar lâmpadas antigas por novas com maior potência ou comprar luzes de suporte, ter plantas super fáceis de cuidar dentro de casa e também ter um espaço que você possa ver uma paisagem para se inspirar e trabalhar podem ser diferenciais na rotina”, acrescentou Tâmara.

Por sua vez, as construtoras iniciaram mudanças já na base dos seus projetos para se adaptarem à nova realidade do home office e dos espaços mais confortáveis e aconchegantes dentro das residências. A Rio Ave lançou dois empreendimentos durante a pandemia, já com opções diferenciais. “Nossos clientes querem apartamentos maiores e que eles possam modificar. Nos empreendimentos lançados, demos opções de cozinha integrada à sala, suíte com escritório, sala de estudo, varandas maiores e integração dos quartos com a varanda. Nos espaços externos, preservamos muito as áreas verdes porque as pessoas querem estar ao ar livre também”, contou a diretora de Mercado da Rio Ave, Carolina Tigre.

Para a coordenadora da CasaCor PE e lojista da Italica Casa, Isabela Coutinho, essas mudanças dentro dos lares vieram para ficar. “As pessoas aprenderam a valorizar suas próprias casas, tornando-as confortáveis, bonitas, um atrativo para ser de fato usado e curtido. Tudo que foi melhorado nas casas com o isolamento e home office foi bem visto, literalmente ratificando uma mudança de comportamento que veio pra ficar”, destacou Isabela.

Um novo jeito

Obter facilidades cada vez mais próximas da sua residência leva conforto, segurança e pode evitar contatos com ambientes muito movimentados, principalmente neste período de pandemia. Uma tendência que vem se apresentando no mercado brasileiro, com início em São Paulo, é a de lojas de conveniência dentro dos condomínios. Os moradores conseguem ter acesso mais fácil para fazer compras neste novo cenário no qual a segurança e o tempo são preciosos.

“Um ponto importante que temos observado é a entrada de grandes players no mercado condominial. É uma mudança de comportamento interessante em um curto espaço de tempo, mas que já é realidade. Condôminos e síndicos não tinham muito o costume de abrir os condomínios a serviços diferentes e novos, mas agora se tornou um processo natural que agrega benefícios para esse tipo de moradia, como lojas de conveniência completas dentro dos empreendimentos”, diz Julio Paim, CEO do SíndicoNet, plataforma completa especializada em conteúdos, serviços e marketplace para o setor.

Loja de conveniência dentro do condomínio é uma das tendências que começam a ser seguidas pelas construtoras. Foto: Divulgação