Música

Luna Vitrolira entrega poesia em múltiplos gêneros musicais em primeiro disco

Luna traz ao álbum o título do livro que lhe rendeu indicação ao Prêmio Jabuti

Luna Vitrolira - Foto: Rennan Peixe/Divulgação

Luna Vitrolira é uma artista de se ler, ouvir e ver. Encontrou na poesia escrita ou falada a forma de colocar suas vivências no mundo. Após o lançamento do livro “Aquenda – O amor às vezes é isso”, há três anos, o qual foi finalista do Prêmio Jabuti 2019, ela canta as palavras no disco homônimo, divulgado hoje nas plataformas digitais. O trabalho explora múltiplos gêneros musicais e foi resultado de uma artista, que sempre cantou as poesias, em busca da experimentação.

Para o novo trabalho, é como se Luna embarcasse em novas duas faces: na música e no cinema. O álbum é composto por 10 faixas, trazidas em uma estrutura da música pop pouco tradicional, ao se misturar com o jazz, swingueira, brega-funk, funk, rap, maracatu, coco e outros gêneros musicais. Ele vem acompanhado com um curta-metragem dirigido por Gi Vatroi e Aida Polimeni, trazendo literatura, música, performance e cinema, com a história de sete faixas presentes no álbum, lançado pela gravadora Deck. Em entrevista à Folha de Pernambuco, ela conta os detalhes da nova produção da carreira.

A gênese

“O processo iniciou, na verdade, em 2016 quando comecei a fazer os primeiros rascunhos e experimentações sonoras, criando primeiramente sozinha e fazendo o meu laboratório com bases e samples. Em 2018, o livro foi publicado e para o lançamento elaborei uma performance que se desdobrou em um espetáculo de teatro com cenografia e trilha sonora executada ao vivo, integrando poesia, música e performance. Essa trilha sonora trazia alguns arranjos que já estavam começando a ser produzidos para o disco por Amaro Freitas e, de certa forma, essa primeira experiência com o público me deu certeza do caminho que estávamos construindo”.

Processo

“Esse processo foi livre e bastante orgânico, mas também um laboratório longo e intenso, primeiro construindo a estrutura musical dos poemas, experimentando formas de recitação e interpretação, e depois, desenvolvendo as bases eletrônicas. Algumas músicas foram previamente arranjadas no piano, com base nos poemas e outras foram criadas a partir de experimentações, na hora, durante a produção, com sintetizadores e beats eletrônicos. Foi desafiador, mas ao mesmo tempo bastante fluído e leve. Não havia pressa pra chegar a um produto final”.

Do livro ao álbum

“O livro apresenta uma narrativa, conta uma história e traz à tona os paradoxos do amor, suas faces e farsas, nas relações afetivas, que implicam violências, devido à naturalização de comportamentos agressivos herdados de nossas instituições sociais, políticas e religiosas, elaboradas sob o viés patriarcal. O disco traz de outra forma essa narrativa, mas tem essa energia evidenciada que é o que conduz o percorrer desse trajeto. As cinco primeiras músicas, por exemplo, têm uma atmosfera de mistério, obscura, intensa e tempestuosa, as outras cinco são mais vibrantes, pra fora, incitam a vontade de dançar”.

Participações

"Para mim, todas as participações são muito especiais, fica difícil destacar, mas algo importante foi trazer artistas que admiro muito e que pisam o mesmo chão da nossa terra, pessoas daqui de Pernambuco, como Bell Puã e Bione, que são parceiras; Lirinha, Pupilo, Lucas dos Prazer e Júnior Cabral, ídolos que se tornaram meus grandes amigos; e Amaro Freitas, um artista incrível que acreditou e viveu esse sonho junto comigo. Também minhas irmãs todas de poesia e axé que estão espalhadas pelo Brasil, trazendo seus sotaques para o trabalho Tatiana Nascimento (DF), Mel Duarte (SP), Roberta Estela D´Alva (SP) e Cristal (RS)".