Internações em UTI desaceleram em São Paulo, mas mortes e doentes mantêm alta
Na segunda-feira (26), os números de internados em UTIs caiu em 0,7% ao dia, enquanto os números de pessoas internadas dobrou chegando em 12.767 e 668 mortes
O ritmo de internações em UTIs de Covid-19 diminuiu nos últimos seis dias nos hospitais da prefeitura e do governo do estado de São Paulo. O número de mortes e de doentes em terapia intensiva ainda é recorde, mas há indícios de que as medidas de restrição de movimento e de distanciamento social começam a fazer algum efeito. Isto é, haveria desaceleração na epidemia, ainda muito recente.
O número total de internados em UTIs cresceu 2,6% ao dia entre 6 de março e 20 de março no estado; nesta segunda-feira (29), caiu para 0,7% ao dia. Na segunda passada (22), o total de internados aumentou em 255; nesta segunda, em 91.
Nos hospitais da prefeitura, o ritmo do aumento de internações em UTIs passou da média de 2,3% ao dia (que se viu do final de fevereiro até 21 de março) para 0,3% ao dia na segunda (0,4% nos últimos quatro dias). Todas essas variações são calculadas com base na média móvel de sete dias do total de internados (o recurso permite contornar pontos fora da curva, dando uma visão mais realista do todo).
Essa desaceleração não significa que há menos internados ou mortes. A epidemia e a mortalidade estão no auge. No estado, ainda há 12.767 pessoas internadas por Covid-19, cerca do dobro que se registrava ainda em 24 de fevereiro e mais do que quatro vezes o número de internados em fins de agosto de 2020.
Segundo a prefeitura e o governo estadual, técnicos estimam que o número de internados em UTIs pode-se estabilizar entre os dias 10 e 15 de abril, caso funcionem como esperado as medidas restritivas adotadas nas duas últimas semanas.
Até esta segunda-feira, ainda foram notificadas 668 mortes por Covid-19 no estado de São Paulo, o dobro das notificadas em 11 de março (sempre na média móvel de 7 dias).
Nos hospitais da prefeitura, havia 1.233 pessoas internadas em UTIs nesta segunda-feira, o dobro de meados de fevereiro (na média móvel de sete dias). A taxa de ocupação das UTIs era de 89% dos 1.383 leitos disponíveis. Em meados de fevereiro, a taxa era de 64% de um número menor de leitos (976).
No entanto, se o número total de internados em terapia intensiva pelo menos se estabilizar, como parecia ocorrer nos últimos três dias, diminui o risco de lotação e colapso terminal da rede municipal. No ritmo da semana anterior, as UTIs poderiam lotar em oito ou nove dias.
Em alguns departamentos regionais de saúde do estado, como os de Registro e Franca, o ritmo de internações parece se estabilizar. No da Baixada Santista, a situação é grave, com 3% de aumento no número de internados por dia.
Segundo Edson Aparecido, secretário municipal de Saúde de São Paulo, os hospitais da prefeitura tiveram um final de semana "mais tranquilo". Técnicos da secretaria dizem acreditar que, mantidas as restrições a movimentos e aglomerações, a epidemia deve entrar pelo menos em um "platô" -o número de internados e de mortes continuaria alto, mas sem aumentar mais.
"As medidas de restrição e os feriados vão seguramente ajudar a estabilizar", diz Aparecido. Na sexta-feira, o governo João Doria (PSDB) decidiu estender até 11 de abril a fase emergencial do Plano São Paulo, que inclui o fechamento de escolas e medidas mais restritivas para comércios, além de orientação para que as pessoas não circulem das 20h às 5h.
Os dados da cidade de São Paulo indicam desaceleração, mas a velocidade da epidemia, a julgar pelas internações, passou de muito rápida para rápida, avalia o epidemiologista e professor de medicina da USP Paulo Lotufo.
Para o professor, no entanto, esses dados por si só não respondem a certas perguntas. Por exemplo, se mudou o critério de contagem de "internado em UTI".