Comércio

Encalhe de navio em Suez não deve afetar Porto de Suape de forma direta, diz diretor

Algumas peças específicas que chegam ao terminal pernambucano vêm de rotas com ligações em Suez

Complexo Portuário de Suape, no Litoral Sul de Pernambuco - Suape/Divulgação

O encalhe do navio Ever Given no Canal de Suez, que voltou a flutuar nessa segunda-feira (29), não deve afetar de forma direta o Porto de Suape, em Pernambuco. Os seis dias de entrave no canal, por onde passam 12% do comércio marítimo global, podem gerar um prejuízo de até US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões), segundo relatório da seguradora Allianz.

Algumas peças específicas que chegam ao terminal pernambucano, como matérias-primas para a indústria química e peças para indústria automobilística, vêm de rotas com ligações em Suez, como explica o diretor de gestão portuária de Suape, Paulo Coimbra.

“Não tem impacto direto porque esse navio não viria direto para Suape. Não temos nenhum serviço marítimo que venha através do canal de Suez para Suape. Todos esses navios que têm algum produto que vem para Suape fazem transbordo [quando as mercadorias trocam de navio] em algum porto na Europa ou, eventualmente, se vier de Suez, vem para um porto como Santos [em São Paulo] e depois para Suape”, explicou.

“Temos produtos que vêm da Ásia. Dentro de alguns dias, a gente vai ter uma previsão mais concreta de algum eventual atraso. Neste momento, não temos nenhum indicativo de situação que venha causar desabastecimento”, completou Paulo, que afirma que não há expectativa de grandes perturbações por causa do cenário em Suez. 

Desencalhe do Ever Given (Foto: Maxar/AFP)


O diretor de Suape acrescenta que um atraso de seis dias numa rota marítima de longo curso, como a que faz parte Suez, não representa chance de muitos atrasos para a movimentação no Estado. O canal liga a Europa à Ásia e o Ever Given, de 400 metros de comprimento e 220 mil toneladas, fazia a rota do porto de Yantian, na China, até Roterdã, nos Países Baixos.

Algumas companhias marítimas buscaram evitar o encalhe e congestionamento em Suez pegando rotas alternativas, como a volta no Cabo da Boa Esperança, no Sul da África. Esse caminho, no entanto, gera um atraso de 10 a 12 dias porque é mais longo.

“Cada companhia está fazendo cálculos para verificar qual atraso poderia ocorrer. Temos companhias que decidiram fazer rotas alternativas, como o sul da África, o que dá um atraso de 10 a 12 dias. Ainda não temos essa informação direto dos armadores para nós”, completou Paulo Coimbra. 

Por fim, Paulo Coimbra destaca que o Porto de Suape registrou um aumento de movimentação de contêineres de 9% entre janeiro e fevereiro deste ano em comparação com o mesmo período de 2020. O Ever Given, por exemplo, transportava justamente contêineres. “É uma carga crescente no mercado. Os contêineres podem carregar do simples e bruto até o sofisticado”, finalizou o diretor de Suape.