Bolsonaro nomeia nova cúpula das Forças Armadas
Segundo a imprensa brasileira, o presidente respeitou na escolha dos novos comandantes o critério da antiguidade, valorizado no meio militar
O presidente Jair Bolsonaro nomeou os três novos comandantes das Forças Armadas nesta quarta-feira (31), após a crise gerada pela substituição do ministro da Defesa e a demissão da cúpula militar.
Em breve cerimônia no Ministério da Defesa, o novo chefe da pasta, general Walter Braga Netto, apresentou o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Exército), o almirante Almir Garnier (Marinha) e o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Jr (Aeronáutica).
Segundo a imprensa brasileira, o presidente respeitou na escolha dos novos comandantes o critério da antiguidade, valorizado no meio militar, e buscou uma solução consensual para tentar diminuir as críticas que atribuem a ele a intenção de politizar os quartéis.
Braga Netto ressaltou na cerimônia desta quarta que os três novos comandantes "se mantêm fiéis às missões de defesa da pátria, da garantia dos poderes constitucionais e das liberdades democráticas".
Os novos comandantes substituem o general Edson Pujol, o almirante Ilqes Barbosa e o brigadeiro Antonio Carlos Bermudes, destituídos na terça-feira em decisão inédita na história brasileira.
Analistas associam a mudança ao descontentamento dos três agora ex-comandantes sobre a decisão de Bolsonaro de demitir o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, na segunda-feira, relutante com as tentativas de Bolsonaro de interferir nas Forças Armadas.
Essa decisão rendeu ao presidente um novo pedido de impeachment nesta quarta, um dos mais de 60 contra ele que se acumulam no Congresso, por sua "pretensão" de usar as Forças Armadas para cometer abusos de poder.
O ministro das Relações Exteriores de saída, Ernesto Araújo, foi criticado por prejudicar a compra de vacinas contra a Covid-19 devido a suas altercações ideológicas com a China, agravando a crise de saúde no Brasil.
Na terça-feira, em seu primeiro ato como ministro, Braga Netto afirmou que o golpe de Estado que instituiu no país uma ditadura militar em 31 de março de 1964 deveria ser "celebrado" como um "movimento" que permitiu "pacificar o país".
Quase ao fim do dia de aniversário do golpe, nesta quarta-feira, Bolsonaro compartilhou no Twitter uma foto sua de quando ainda servia no Exército e criticou um ato simbólico do Congresso em 2013 que anulou a sessão de 1964 em que o presidente João Goulart foi afastado do cargo, dando início à ditadura.
"Não discuto a História, mas verdadeiros democratas não apagam fotos e fatos", escreveu o presidente.
"Deus abençoe o Brasil e guarde nossa liberdade!", concluiu.