Mercado

Empresas Juniores são oportunidades para estudantes entrarem no mercado de trabalho

Através do empreendedorismo jovem e social, os estudantes ganham experiências profissionais ainda nas universidades

Divulgação/ Fejepe

Incentivando o contato direto com o mercado de trabalho, as Empresas Juniores aproximam cada vez mais o estudante universitário com as atividades propostas no curso escolhido. Se especializar e aprender na prática tornou-se um diferencial para os jovens que desejam um espaço no mercado. A criação de uma Empresa Júnior abre janelas de oportunidades para um início seguro na vida profissional, principalmente, em tempos difíceis de desemprego, como nos dias de hoje, devido à pandemia da Covid-19.

Regulamentadas através da lei federal nº 13.267 de 6 de abril de 2016, as Empresas Juniores potencializaram as suas atividades a partir do reconhecimento legal. Atualmente, 1300 empresas funcionam em todo o país. Empresas desse tipo não possuem fins lucrativos e são formadas e geridas totalmente por estudantes de cursos superiores, com o objetivo de incentivar o aprendizado prático do universitário, aproximá-lo do mercado de trabalho e elaborar projetos de consultoria na área de formação dos alunos.

Com o propósito de representar e desenvolver o Movimento Empresa Júnior (MEJ) no Estado, a Federação de Empresas Juniores de Pernambuco (Fejepe) atua com cerca de 800 empresários juniores, 33 empresas, 500 projetos de impacto e mais de 1.000 projetos gerais. Atualmente, a Fejepe está presente em 10 Instituições de Ensino Superior do Estado. A expectativa é que as atividades sejam ampliadas para todas as regiões e centros de ensino em Pernambuco.

De acordo com o presidente-executivo da Fejepe, Cicero Damasceno, dentro das empresas juniores, os universitários aprendem de forma prática e humana a sua profissão. “A vivência empresarial é a metodologia que o Movimento de Empresas Juniores adota pra desenvolver os universitários. Nós temos uma lacuna do ensino superior brasileiro de ser uma educação muito tecnicista, então a gente traz uma formação mais prática e mais humana dentro da própria universidade, desenvolvendo nesses jovens as necessidades do futuro, a visão crítica, sistêmica, entendimento sobre gerenciamento e problemas, criatividade, gerenciamento de time e liderança”, esclarece Cicero.

“Do ponto de vista de empregabilidade, a gente consegue observar que muitas empresas, inclusive referenciadas no mercado, como a Ambev e o Banco Bradesco, abrem seus processos seletivos tendo como diferencial ter participado de uma empresa júnior”, ressalta Cicero.

Com 25 anos de história, a Empresa Júnior de tecnologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), CITi, tem na equipe 59 componentes dos mais diversos cursos. “Desde o ano passado, a empresa aceita todos os cursos da UFPE, com um forte pilar de diversidade. Acreditamos que, através da experimentação, que o ambiente de empresa júnior traz, aprendemos as coisas de forma mais rápida, aplicamos, testamos, erramos e consertamos com a mesma rapidez, isso em projetos reais. Nós já conseguimos trabalhar com vários clientes, como a Riachuelo, a Neoenergia, e com empresas de fora do Estado”, detalha o estudante do 1º período do curso de Sistema de Informação e CEO da empresa CITi, Vinicius Lima.

Luana Nagai/ CITi

“Mesmo no começo do curso, já tenho experiência com desenvolvimento e gerência de software e atualmente sou presidente da empresa. Nós conseguimos um destaque muito forte dentro do mercado já na universidade. Nós não cobramos experiencia prévia para o ingresso na empresa, por isso, temos que ter um plano de desenvolvimento muito bem estruturado, para que as pessoas possam se especializar”, complementa Vinicius.

A Arco Consultoria, também da UFPE, é outro exemplo de Empresa Júnior atuante em Pernambuco. Fundada em 2014, a empresa tem como foco as áreas de arquitetura e engenharia civil. Hoje, possui 43 membros dos cursos de arquitetura, engenharia civil e design gráfico.

“Nós temos cinco áreas principais que os estudantes podem estar atuando, são elas: institucional, projeto, comercial, desenvolvimento e cultural. Isso faz com que os universitários tenham um desenvolvimento e uma vivência empresarial completa”, afirma a estudante do 4º período de Arquitetura e Urbanismo e presidente da Arco Consultoria, Fernanda Rodrigues.

Divulgação/ Arco Consultoria 

“Quando eu entrei na Arco, eu não sabia se gostava realmente da minha área. Comecei, fiz alguns projetos e consegui me desenvolver mais. Além da parte técnica, também existe uma importância muito grande em autoconhecimento, auxiliando nos projetos futuros, para eu conseguir me entender, escolher qual empresa eu quero trabalhar, meus pontos fortes e fracos. Na empresa, também consegui desenvolver mais a minha comunicação”, ressalta Fernanda.  

Para inserir, ainda na graduação, os estudantes no mercado de trabalho, várias empresas privadas e de economista mista são parceiras do Movimento Empresa Júnior em Pernambuco, como o Banco Bradesco, o Complexo Industrial Portuário de Suape, a cervejaria Ambev e a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco – AD Diper.

Estimulando a criatividade das Empresas Juniores federadas do Estado, a AD Diper promove o “Desafio Open Innovation”, desde 2019. Os estudantes apresentam soluções para as principais demandas e dificuldades dos Arranjos Produtivos Locais do Estado (APLs) no interior. Com isso, os universitários podem entender melhor como funciona, geograficamente, a economia de Pernambuco. Em 2020, 20 empresas juniores se inscreveram no desafio. No total, o patrocínio foi no valor de R$15.000,00.

“Em meados de 2014, a AD Diper provocou essa interação entre uma empresa com capital público e as empresas juniores, fazendo a contratação da empresa júnior CE Consultoria, que revisou o mapa de processos da AD Diper. Em 2019, partimos para um processo mais formal frente às empresas, criando um sistema de desafio chamado “Desafio de Open Innovation”, destaca o Diretor de Atração de Investimentos da AD Diper, André Freitas.

A Ambev, parceira há dois anos do Movimento Empresas Júnior em Pernambuco, acredita que é importante estreitar campos de oportunidades e troca de conhecimentos. “Há dois anos, fechamos essa parceria com a Federação das Empresas Juniores de Pernambuco para estreitar campos de oportunidades e trocar conhecimento. O nosso grande objetivo é de estar próximo desse público. A gente enxerga muita similaridade entre a nossa cultura e o movimento deles que prega empreendedorismo, autonomia e soluções rápidas”, explica a Gerente de Gestão Comercial da Ambev, Lariza Guimarães.

Para os universitários, o ingresso em Empresas Juniores pode ser o ponta pé inicial para a jornada no mercado de trabalho, através do empreendedorismo jovem e social. “Antigamente o mercado trazia muitas referências para as empresas juniores, hoje, o nosso objetivo é que as empresas juniores gerem referência ao mercado também”, finaliza o presidente-executivo da Fejepe, Cicero Damasceno.

Encontro Nacional de Empresas Juniores (Enej)

Como ponto de debates e trocas entre o empreendedorismo e a educação superior no Brasil, anualmente, desde 1993, acontece o Encontro Nacional de Empresas Juniores (Enej) em diversas cidades do País. Este ano, o encontro terá como sede a cidade do Recife, nos dias 17, 18 e 19 de setembro, de maneira totalmente virtual.

“O Enej é o único ponto de contato com todos os empresários juniores do Brasil. Para esse ano, temos uma expectativa de colocarmos mais de 7.500 congressistas. É o maior evento de empreendedorismo jovem do mundo e o momento que conseguimos alinhar os objetivos do movimento empresa júnior a nível nacional, compartilhando os resultados, trazendo referenciais e trocando ideias com as nossas empresas parceiras”, afirma o coordenador de relacionamento do Enej, Daniel Urquiza.