Paulo Betti vê esperança em Lula e diz que 'teatro vai bombar' após pandemia
O ator recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 na quinta passada (1º)
"O teatro vai bombar." Essa é a intuição de Paulo Betti para daqui a "uns dois anos", quando, diz acreditar ele, todos os brasileiros já estarão vacinados contra a Covid-19. "Tenho uma intuição, que espero que se concretize, que as pessoas vão ficar com muita vontade de ir ao teatro, com muita vontade de ver coisas ao vivo."
Aos 68 anos, o ator recebeu a primeira dose do imunizante na quinta passada (1º). No começo do isolamento social por causa da pandemia, em março de 2020, Betti afirma que fez muita coisa online, inclusive, a apresentação da peça "Autobiografia Autorizada", monólogo em que reconta as memórias de juventude.
Agora, mais de um ano depois, o ator confessa sentir "uma certa canseira". "Já está todo mundo cansado e estressado", pontua. Ele suspendeu o espetáculo, mas afirma seguir respeitando o confinamento e os protocolos de segurança contra o coronavírus.
Para se manter ativo e espairecer, diariamente, o ator anda uma hora de bicicleta, com direito a subida íngreme, em um circuito fechado dentro do condomínio onde vive no Rio. Enquanto não volta a atuar online ou nos palcos, Betti diz aproveitar o tempo livre para rever trabalhos antigos que voltaram ao ar, como "A Vida da Gente" (2011).
Na trama, que é reapresentada na faixa das seis da Globo, ele é Jonas Macedo. Se não chega a ser um vilão, o personagem também está longe de ser mocinho. Ambicioso, ele pensa que o dinheiro resolve tudo e assim procura compensar sua ausência na vida dos filhos, Rodrigo (Rafael Cardoso) e Nanda (Maria Eduarda de Carvalho).
Logo no começo da trama, Jonas troca Eva (Ana Beatriz Nogueira) por Cris (Regiane Alves), uma mulher bem mais jovem, que só está interessada na grana e no status que o marido pode lhe dar. Betti diz que ficou curioso para observar, dez anos depois, o seu desempenho ao fazer o papel. "Tentei humanizá-lo e agora que estou vendo, estou gostando, consegui resolver bem. Confesso que fiquei satisfeito", afirma.
Com o retorno de "Império" (2014-2015), na faixa das nove, a partir de 12 abril -por causa do agravamento da pandemia, as gravações da inédita "Um Lugar ao Sol" tiveram de ser interrompidas- o ator estará em dobradinha nas telas da Globo. Ele diz não ver problemas, porque os dois personagens são bem diferentes.
Na novela de Aguinaldo Silva, Betti dá vida a Téo Pereira, badalado e maldoso colunista social, que tem um blog e publica diversos escândalos. Na época em que a história foi ao ar, o blogueiro fez muito sucesso com o público com seu jeito caricato e bordões como "curuzes" e "queriiiido".
Além de querer voltar a encenar "Autobiografia Autorizada", o ator está escalado para "Além da Ilusão", novela das seis da Globo, que deve estrear em 2022, após "Nos Tempos do Imperador". Na história, a primeira de Larissa Manoela na Globo, ele vai interpretar o dono de um cassino. As gravações da trama estão programadas para iniciar no segundo semestre.
Redes sociais e política
Durante o período de confinamento, Paulo Betti tem feito lives e se mostrado ativo em suas redes sociais. Para ele, essa é uma forma de ser útil, levar informação e "fazer militância". "Tem que ajudar a sociedade a não ser enganada pelas fakes news, pelo obscurantismo, e destacar a importância do uso da máscara de proteção e da vacina."
Ele diz não ter grandes "ilusões, porque as opiniões estão um pouco consolidadas". "Mas, de qualquer maneira, ofereço alternativas de argumentação. É sempre gostoso fazer essa troca, sempre gostei disso, de participar."
"Eu me exponho ali, falo o que penso. Não tenho medo disso, porque estamos vivendo um momento muito grave para ficar no muro. Eu me sinto com o compromisso absolutamente moral de me posicionar", reforça, ponderando que não tem qualquer intenção de exercer cargo político.
Foi assim ao receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19. No vídeo, publicado no seu Instagram, Betti agradece ao SUS (Sistema Único de Saúde) pela imunização e não poupa críticas ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
"Se o uso de máscaras e o distanciamento social tivessem sido incentivados pelo governo, e as vacinas compradas quando nos foram oferecidas, se os idiotas não brigassem com a ciência, quantas vidas teriam sido salvas? Feliz por ser vacinado com três meses de atraso, mas revoltado com esse governo genocida."
Apoiador histórico do PT, Betti afirma que voltou a ter esperanças com o discurso feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após ter os seus direitos políticos restabelecidos por decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal).
"Voltamos de alguma maneira a imaginar uma perspectiva de respiro, de alguém que se compadece, se emociona, não só com o seu próprio ego, com o seu próprio umbigo. Você vê o nosso presidente, ele só se emociona quando fala o que aconteceu com ele [a facada que recebeu na campanha de 2018], que ele poderia ter morrido. Aí ele chora. Nunca você o vê se emocionar com o outro, com as pessoas estão que morrendo, e as famílias que perderam alguém. Você não vê isso."
Betti afirma que muitas vezes ao expressar a opinião no Instagram provoca o ódio de algumas pessoas. A saída para lidar com os haters, afirma ele, é bloquear. "Se a pessoa parte para o chavão 'a mamata vai acabar', e quando me responde de forma agressiva ou grosseira, bloqueio e apago o comentário", diz.
"Eu tenho 228 mil seguidores, acho que é um número bacana. Quem emite a opinião inicial sou eu, eu que faço a postagem, e as pessoas discutem aquela postagem do jeito que quiserem, mas com educação, exijo respeito", finaliza.