Novo ministro das Relações Exteriores promete cooperação 'sem exclusões'
Chanceler foi empossado nesta terça-feira (6) em cerimônia fechada
O novo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos Alberto França, de 56 anos, disse, nesta terça-feira (6), que buscará fortalecer a "cooperação internacional, sem exclusões", distanciando-se de seu antecessor Ernesto Araújo, que em sua luta contra o "globalismo" estava disposto a transformar o país em um "pária".
"Meu compromisso, enfim, é engajar o Brasil em intenso esforço de cooperação internacional, sem exclusões. E abrir novos caminhos de atuação diplomática, sem preferências desta ou daquela natureza", afirmou França em seu primeiro discurso como ministro do presidente Jair Bolsonaro.
O novo chanceler, que assumiu o cargo nesta terça ao lado de outros cinco ministros, definiu "três urgências", a começar pelo "campo da saúde", em um momento em que a pandemia do coronavírus está em uma desenfreada curva ascendente e já acumula mais de 330 mil mortos.
Araújo renunciou na semana passada, após ser acusado por líderes do Congresso de ter prejudicado a compra de vacinas contra a covid-19 por causa de suas brigas com a China.
Os outros dois imperativos, continuou França, são "a urgência da economia e a urgência do desenvolvimento sustentável".
Por fim, citou ainda a "urgência climática". Outro distanciamento de Araújo, que criticava o "climatismo" como uma forma de "globalismo", promovido por ONGs e organizações internacionais.
Essa postura rendeu ao Brasil amargas polêmicas com a União Europeia e com os defensores do meio ambiente, que criticam o governo Bolsonaro por ter enfraquecido os órgãos e as políticas de controle ambiental, provocando níveis recordes de desmatamento na Amazônia e outros biomas.
"O Brasil hoje fala de liberdade através do mundo. Se isso faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária", havia afirmado Araújo em outubro diante dos alunos de diplomacia do Instituto Rio Branco.
A aparente mudança de agenda, porém, está longe de ser radical. "O Brasil sempre foi ator relevante no amplo espaço do diálogo multilateral. Isso não significa, como é evidente, aderir a toda e qualquer tentativa de consenso que venha a emergir, nas Nações Unidas ou em outras instâncias", esclareceu França.
A reorientação ocorre enquanto os Estados Unidos, com seu novo presidente democrata Joe Biden, estão aumentando a pressão a favor de uma transição ecológica para enfrentar as mudanças climáticas.
Desde a chegada de Bolsonaro ao poder em 2019, o Brasil se alinhou com o republicano Donald Trump, afastando-se de outros países emergentes e promovendo controvérsias com a China, seu principal parceiro comercial.