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Bolsonaro critica fechamento total e fala em 'meio-termo pelo menos' para salvar empregos

O presidente não especificou qual seria esse caminho e insistiu nos ataques a ações tomadas por prefeitos e governadores para impedir o avanço da pandemia

Presidente Jair Bolsonaro - Marcos Corrêa / PR
Crítico recorrente de medidas restritivas adotadas para conter a disseminação da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu nesta quinta-feira (8) um "meio-termo pelo menos" para evitar a destruição de empregos.
 
A declaração foi feita em sua live semanal, mas ele não especificou qual seria esse caminho e insistiu tanto no elogio ao ineficaz tratamento precoce como nos ataques a ações tomadas por prefeitos e governadores para impedir o avanço da pandemia.

"Eu gostaria que aqueles que acham que podem fechar sem se preocupar com o desemprego visitem as comunidades, entrem na casa delas, vejam o que tem dentro da geladeira, como sobrevivem, para ver se a gente vai para o meio-termo, pelo menos, no tocante a evitar que empregos sejam destruídos cada vez mais em nosso Brasil", afirmou Bolsonaro.

A live desta quinta-feira teve pouco mais de 24 minutos, quando o normal das transmissões é de ao menos uma hora. O presidente demonstrou mais de uma vez intenção de encerrar seu programa na internet.
 
Desta vez, ele estava ao lado de Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde, no Palácio do Planalto. A live geralmente é feita do Palácio da Alvorada.
 
Na transmissão, Bolsonaro falou da visita que fez a Chapecó (SC) no dia anterior e, na linha do prefeito local, João Rodrigues (PSD), voltou a defender o chama de tratamento precoce, que a ciência já mostrou ser ineficaz.

"[O prefeito] demonstrou para a gente que a liberdade que ele deu aos médicos para receitar, para botar em prática um atendimento imediato, com toda certeza, influenciou na queda do numero de óbitos, bem como na recuperação de pacientes", afirmou Bolsonaro.

O prefeito de Chapecó, porém, omitiu que a queda dos números da pandemia e do volume de internações só ocorreu após a imposição de um lockdown, entre 22 de fevereiro e 8 de março. Ele atribuiu a redução à implantação de medidas como a indicação de "tratamento precoce" contra a doença, entre outras.

Ao criticar o que tem chamado de política do fecha-tudo, Bolsonaro comparou dois irmãos gêmeos fictícios, um preocupado com a pandemia do novo coronavírus e outro tranquilo, e perguntou a Angotti Neto se isso interferiria no sistema imunológico dos personagens.

"A depressão, a tristeza, o estresse influenciam no sistema imunológico das pessoas?", indagou, recebendo uma resposta positiva. "Este clima de pavor que é pregado junto à sociedade, isso não ajuda a salvar dias", insistiu o presidente.

Durante toda a live, Bolsonaro tinha sobre a mesa, em primeiro plano, uma foto em que um homem fardado está diante de uma mulher e duas crianças.

O presidente usou a imagem para criticar gestores que, por exemplo restringiram acesso a praias. "Está aqui um homem com uma arma na mão. Deve ser um policial militar que abordou uma mãe com duas crianças na praia e, obviamente, com toda certeza, a missão dele ali é mandar ela para casa", disse Bolsonaro.