Novos confrontos na capital da Irlanda do Norte por tensão provocada pelo Brexit
Com máscaras e capuzes, eles atiraram pedras, tijolos, coquetéis molotov e garrafas na direção das barricadas erguidas pelas forças antidistúrbios com a ajuda de veículos blindados
Policiais e manifestantes voltaram a se enfrentar com pedras, bombas incendiárias e jatos de água na madrugada de quinta-feira (8) para sexta-feira (9) em Belfast, capital da Irlanda do Norte, onde o Brexit abala o frágil equilíbrio entre as comunidades.
Centenas de jovens e adolescentes se reuniram desde a tarde de quinta-feira em um distrito da zona oeste da cidade, que é cenário de tensões políticas relacionadas ao Brexit.
Alguns chegaram e empilhar tijolos em um carro de supermercado. Os moradores estavam relutantes em dar entrevistas.
Com máscaras e capuzes, eles atiraram pedras, tijolos, coquetéis molotov e garrafas na direção das barricadas erguidas pelas forças antidistúrbios com a ajuda de veículos blindados.
Uma grande coluna de fumaça foi observada em alguns pontos após a explosão de coquetéis molotov.
A polícia, armada com cassetetes e escudos, provocou o recuo dos manifestantes, enquanto os moradores observavam de suas janelas.
A polícia utilizou jatos de água quando um grupo tentou romper uma barricada com um carro.
A polícia pediu aos manifestantes, por meio de alto-falantes, que se dispersassem ou seriam detidos: "A força poderá ser utilizada", advertiu uma voz.
Os policiais também tentaram apelar a pessoas influentes da comunidade para dissuadir os moradores de aderir aos distúrbios.
Dezenas de homens e mulheres de idade avançada se reuniram na quinta-feira perto dos locais da violência do dia anterior. Estas pessoas impediram a aproximação dos manifestantes e apagaram um foco de incêndio.
A violência dos últimos dias deixou mais de 50 policiais feridos e provocou o retorno do fantasma das três décadas de violência conhecidas como "troubles", os confrontos entre republicanos, principalmente católicos partidários da reunificação com a Irlanda, e unionistas protestantes, que deixaram 3.500 mortos.
"Traição" de Londres
Na semana passada, a violência explodiu primeiro na cidade de Londonderry, antes de atingir uma área unionista de Belfast e seus arredores durante o fim de semana de Páscoa.
O Brexit alterou o delicado equilíbrio da província e obrigou a adoção de controles alfandegários entre o Reino Unido e a União Europeia.
Os controles, destinados a evitar o retorno de uma fronteira física entre a província britânica e a República da Irlanda, país membro da UE, acontecem nos portos norte-irlandeses.
Apesar de um período de carência para permitir a adaptação das empresas, os novos acordos estão prejudicando o abastecimento e os unionistas os consideram uma fronteira entre Irlanda do Norte e Grã-Bretanha, assim como uma "traição" de Londres.
Outro fato que aumentou a tensão foi a decisão das autoridades norte-irlandesas de não processar os líderes do partido republicano Sinn Fein que compareceram ao funeral de um ex-líder paramilitar, apesar das restrições do coronavírus.