Direção do partido de Merkel apoia Armin Laschet para suceder à chanceler
União Democrata Cristã decidiu apoiar Laschet, presidente do partido, apesar de sua posição ruim nas pesquisas
O conservador alemão Armin Laschet deu um grande passo no sonho de suceder a Angela Merkel ao ser escolhido pela direção da CDU, nesta segunda-feira (12), como o candidato do partido nas eleições legislativas de setembro.
A direção da União Democrata Cristã (CDU) da Alemanha decidiu nesta segunda-feira, durante uma reunião a portas fechadas, apoiar Laschet, presidente do partido, apesar de sua posição ruim nas pesquisas em relação a outro conservador mais popular, Markus Söder, que comanda o partido aliado União Social Cristã (CSU) da Baviera.
A decisão não é definitiva. Com o apoio de Armin Laschet (60 anos), porém, que governa a região mais populosa da Alemanha, a Renânia do Norte-Westfalia, tem muitas chances de defender o legado conservador nas eleições e, deste modo, suceder a Angela Merkel. A atual chanceler está há 16 anos no poder.
Discurso de candidato
Sem esperar a oficialização da nomeação pelo partido-irmão bávaro, a CSU, Laschet se apressou a apresentar um discurso de candidato, colocando no centro de suas preocupações a recuperação econômica da Alemanha e a proteção do clima, ponto vital ante uma eventual coalizão com os Verdes.
Apesar da perda de força nas pesquisas, a CDU continua liderando as sondagens, com quase 28% das intenções de voto, contra 22% dos Verdes.
Ministro-presidente da Baviera, Söder, de 54 anos, anunciou no domingo que estava disposto a tentar se tornar o primeiro bávaro a ocupar a Chancelaria - desde que a CDU, muito mais poderosa em escala nacional, anunciasse seu apoio.
Apesar de sua grande popularidade na Alemanha e de ter recebido algum apoio dentro da CDU, Söder sabe que será difícil alterar a tendência.
A direção da CDU é uma parte crucial para a designação de um candidato. De modo geral, os democrata-cristãos costumam ser eleitos.
A CSU, um partido regional, representou apenas em duas oportunidades o lado conservados nas eleições. Ambas terminaram em fracasso: 1979 e 2002.
Um dos políticos mais apreciados do país por sua abordagem estrita e prudente na luta contra o coronavírus, Söder não conseguiu convencer os líderes conservadores para além da Baviera.
Estes últimos parecem desconfiar de um governante que há pouco tempo afirmava que seu lugar era Munique, e não Berlim.
Ao mesmo tempo, apenas 25% dos alemães acreditam que Laschet, um ex-jornalista, tem condições de assumir o posto de chanceler. Considerado durante muito tempo um moderado vinculado à linha de centro de Angela Merkel, ele teve diversos problemas desde que foi escolhido para liderar a CDU em janeiro.
Sua proposta recente de impor um confinamento rigoroso, mas breve, para enfrentar a terceira onda da pandemia recebeu críticas e ironias.
Até então, o dirigente regional se mostrava partidário da flexibilização das medidas e chegou a enfrentar Angela Merkel a respeito da questão.
A posição de Laschet também perdeu força após duas derrotas do partido nas eleições de março, marcadas por um caso de suposta corrupção relacionada à compra de máscaras, algo que atingiu deputados conservadores.
Apesar das dificuldades, Laschet conseguiu garantir, nos bastidores, o apoio dos dirigentes da CDU, preocupados em deixar o partido à sombra da CSU.
Entretanto, os outros partidos avançaram suas posições.
Os social-democratas do SPD escolheram como candidato seu líder, o ministro das Finanças Olaf Scholz.
E os Verdes, com mais de 20% nas pesquisas de intenção de voto, anunciarão seu candidato na próxima semana, entre os líderes Annalena Baerbock e Robert Habeck.