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Canal Saúde - Chagas: uma doença extremamente negligenciada

Jota Ferreira conversa com o cardiologista Wilson Oliveira, diretor da Casa de Chagas

14 de abril - Dia Mundial da Doença de Chagas - Reprodução/Internet

O Dia Mundial da Doença de Chagas, 14 de abril, foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar a sociedade sobre a importância de dar visibilidade a uma enfermidade que ainda é extremamente negligenciada, mesmo após 112 anos de sua descoberta pelo médico Carlos Chagas. A data faz referência ao dia em que o pesquisador encontrou o protozoário responsável pela doença no sangue de uma criança febril, chamada Berenice. Já naquela época, Carlos Chagas chamava atenção para a condição socioeconômica do paciente como um fator preponderante na gênese e evolução da enfermidade.

O Dia Mundial foi criado pela OMS a pedido da Federação Internacional de Associações de Pessoas Afetadas pela Enfermidade de Chagas/FINDECHAGAS, que nasceu em Pernambuco e hoje funciona no México, mudando de país a cada dois anos. O estado de Pernambuco tem um protagonismo nesse processo de luta por reconhecimento por também ter inaugurado, em 1987, a primeira associação de pacientes portadores da doença de chagas em todo o mundo.

Durante a pandemia, a Casa de Chagas/Procape-UPE, que é coordenada pelo Prof. Wilson de Oliveira Junior, não parou o seu funcionamento, atendendo com metade de sua capacidade. As atividades associativas foram feitas remotamente. O espaço captou cerca de R$ 240 mil, dos quais R$ 100 mil foram destinados à compra de materiais de proteção individual para os profissionais que estão na linha de frente ao atendimento de pacientes cardiopatas e da Covid-19 no PROCAPE. A Casa ainda comprou 14 toneladas de alimentos, 1400 kits de higiene pessoal e doméstico para pacientes mais carentes, da região metropolitana do Recife, Zona da Mata e Sertão do estado.

O protagonismo de Pernambuco nessa busca pela visibilidade ocorre porque o estado é uma área endêmica da Doença de Chagas, sobretudo na Zona da Mata e no Sertão. Em 2019, foi registrado um surto nesta região. “O portador, em sua esmagadora maioria, nasceu no interior e hoje mora na capital. 45% deles vivem na cidade grande”, diz Cristina Carrazzone, uma das médicas da Casa de Chagas.

SOBRE A DOENÇA

Muitos acreditam que a transmissão se dá pela picada do Barbeiro, tipo de inseto com hábitos noturnos. No entanto, a doença é causada pelo protozoário eliminado nas fezes do inseto, geralmente quando uma pessoa é picada e coça a região atingida, fazendo com que as fezes entrem na corrente sanguínea.

Outras formas de transmissão da doença de chagas incluem a infecção de mãe para filho, durante a gravidez, e a transmissão que acontece por meio do compartilhamento de agulhas contaminadas. Na fase aguda, o paciente pode apresentar poucos ou nenhum sintoma. Quando esses sintomas são ignorados e a doença segue sem tratamento, a Doença de Chagas pode evoluir para a fase crônica, afetando o coração e o sistema gastrointestinal. 

Para falar sobre o assunto, o comunicador Jota Ferreira conversa com o cardiologista Wilson Oliveira, diretor da Casa de Chagas.

Você pode ouvir o podcast Canal Saúde no player abaixo.