São Paulo sofre falta crítica de medicamentos para intubação, alertam autoridades
Um relatório do Conselho de Secretários Municipais da Saúde do Estado de São Paulo (Cosems-SP) revela que 68% dos centros da rede municipal não possuem neurobloqueadores e 61% não têm mais reservas de sedativos
Autoridades brasileiras alertaram, nesta quinta-feira (15), sobre a falta crítica de medicamentos para intubação em centros de saúde públicos do estado de São Paulo e expressaram preocupação com o risco de colapso em meio à segunda onda da pandemia.
Um relatório do Conselho de Secretários Municipais da Saúde do Estado de São Paulo (Cosems-SP) revela que 68% dos centros da rede municipal não possuem neurobloqueadores - necessários para relaxar a musculatura durante o processo de intubação - e 61% não têm mais reservas de sedativos.
"A análise dos dados de 13 de abril, em comparação ao cenário de 5 de abril, aponta o agravamento da situação de estoque dos medicamentos para intubação", diz o relatório.
"Estamos há 40 dias enviando ofícios para o Ministério da Saúde fazendo esse alerta e pedindo ajuda. (...) São medicamentos importantes para a sedação dos pacientes" que têm que enfrentar uma intubação, disse nesta quinta-feira (15) o secretário da saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, em entrevista ao GNews.
Gorinchteyn informou que um novo carregamento de medicamentos deve chegar nesta quinta-feira, mas reiterou que é crucial agilizar o fornecimento de insumos devido à demanda gerada pelo alto número de casos de covid-19, e responsabilizou o Ministério da Saúde por impossibilitar a compra de insumos diretamente dos fabricantes.
O governador de São Paulo, João Doria, informou no Twitter que os ofícios ao Ministério da Saúde "solicitando medicamentos para entubação foram ignorados. Enquanto isso, estamos adotando providências para adquirir os medicamentos no mercado internacional".
O Brasil registra há meses um aumento dos casos e mortes por covid-19.
São Paulo, o estado mais populoso (45,9 milhões), apresenta uma média móvel de 15.000 casos e 773 mortes por dia, segundo o Ministério da Saúde.
O estado acumula 2,6 milhões de casos e 85.475 óbitos, com uma taxa de 186 mortes a cada 100.000 habitantes, maior que a média nacional de 172 mortes a cada 100.000 habitantes.
Até o momento, 86,4% dos leitos das unidades de cuidados intensivos estão ocupados, enquanto alguns hospitais anunciaram a redução de leitos devido à falta de insumos.
No Rio de Janeiro e em Minas Gerais, estados igualmente muito afetados pela segunda onda da pandemia no Brasil, também surgiram denúncias de falta de medicamentos para intubação.
A imprensa local relatou na quarta-feira que em um hospital do Rio de Janeiro foi preciso amarrar alguns pacientes que, ainda intubados, acordaram devido à falta de sedativos.
O Brasil, com 212 milhões de habitantes, superou nesta quarta-feira as 360.000 mortes por coronavírus e continua sendo o segundo país com o maior número absoluto de mortes, atrás dos Estados Unidos (564.400).