Música

'É o Amor': música de Zezé Di Camargo e Luciano completa trinta anos atravessando gerações

Composição de Zezé Di Camargo foi tocada pela primeira vez em 1991, em uma rádio local de Goiás; música foi o ponto de partida para a dupla, formada também por Luciano, que conversou com a Folha de Pernambuco

Zezé Di Camargo e Luciano - Eduardo Knapp/Folhapress - SP Negativo: SP

“Estou de pé faz tempo, é bom demais acordar cedo”. Eram 9h da manhã de um dia qualquer da semana, mas poderia ter sido em um sábado, domingo ou feriado que Luciano Camargo já estaria disponível desde as 6h para um bate papo com a Folha de Pernambuco. 

Um pigarrear para limpar a voz, a prosa, marcada para falar sobre as três décadas de “É o Amor” - tocada pela primeira vez em uma rádio local de Goiás, por livre e espontânea insistência do pai, Francisco Camargo – fluiu e foi além do propósito de papear sobre o maior sucesso dele ao lado do irmão Zezé Di Camargo.

“Gosto mesmo de conversar, sabe? Sou do tempo em que entrevistar era bater papo, não consigo acompanhar essa geração (de repórteres) que pede áudio por WhatsApp”, esclarece. 

Dentro da programação para celebrar os trinta anos da letra escrita por Zezé e regravada por mais de 70 artistas e com mais de 1 bilhão de execuções mundo afora - de acordo com o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) - havia um disco de inéditas, um DVD e uma websérie, mas por causa da pandemia o show no navio dos irmãos, o ‘ZCL’, em novembro e com mais de 80% das cabines vendidas, é a única agenda fechada. “Estávamos, até março de 2020, com pelo menos 150 apresentações marcadas pelo País”, relembra. 

Com o lado de cá adepto o tanto quanto a um “blá blá blá” sem hora para acabar, em pouco mais de 60 minutos ao telefone Welson David Luciano Fonseca Camargo falou de tudo um bocado, inclusive do estouro do mercado fonográfico brasileiro “É o Amor”, canção que segue intacta e faz cantarolar gerações de antes e de depois da rica década musical de 1990. Confira o bate papo com Luciano:

Fama aos 17 anos
Eu olhava tudo como uma brincadeira, só queria cantar, ir para os programas de TV. Se eu tivesse encarado de outra forma, poderia ter me transformado em uma pessoa arrogante. 

Luciano artista, só nos palcos
Eu fico abismado olhando a história de Zezé Di Camargo e Luciano, mas só me vejo como artista quando estou no palco. Comecei a mudar minha visão quando casei (há 17 anos).

Ainda há retorno financeiro com “É o Amor” ?
Ah,sim, ainda traz retorno, embora não significativo. Seguimos fazendo em agenda uma média de 140 shows por ano. O Zezé e o Luciano lá do comecinho continuam chegando às pessoas.

Outros sertanejos
Vou te falar, a música sertaneja toda época teve bons e ruins. Prefiro enaltecer os bons e cito Gustavo Lima, Marcos e Belucci, Paula Fernandes, Maiara e Maraysa e Marília Mendonça, mulheres que estão comandando tudo.

“Uma Hora e Meia”
Não íamos lançar esse single, porque estávamos na produção do álbum de inéditas. Resolvemos soltar sem trabalhar na produção da música. Disparou e estava entre as dez mais tocadas.

 

Crédito: Reprodução/Instagram

Luciano, gospel
A sementinha do projeto “A Ti mEntrego” foi colocada por minha mãe há vinte anos. Nem era a ideia repercutir, mas chegou aos programas de TV, um especial na Record. Quero seguir louvando a Deus por toda minha vida. Hoje sim, sou um cantor gospel em paralelo aos projetos com o meu irmão. 

Zezé e Luciano
Tivemos os encontros das lives em 2020, mas este ano nos vimos só duas vezes, para gravar com o Thiaguinho a websérie e outra para lançamento do cruzeiro em nosso navio. O Zezé se isolou na fazenda e eu fiquei em casa. A última vez que viajei foi no Natal para ver minha mãe.

O abraço não dado em Seu Francisco
A dor física ainda vem. Quando voltei de Goiás antes dele falecer, trouxe a expectativa de voltar na semana seguinte para ver a recuperação dele, abraçá-lo, mas tive Covid e não pude viver essa dor compartilhada. Mas me conforta saber que vou dar muitos abraços nele ainda.

Covid leve e vacina
Foi leve mas aterrorizante, física e psicologicamente. Não transmiti para ninguém de casa e sigo com medo porque sei que posso ter novamente e também posso transmitir. Oro todos os dias para que a vacina chegue a todos.

Continuar cantando
Sou um homem realizado. Profissionalmente cantei nos grandes teatros, casas de espetáculos, nas capitais, recebi premiações, homenagens, filme. E, pessoalmente, vivo uma felicidade plena todos os dias e desejo acordar assim todos dias, vivendo o que estou vivendo.

Falta Luan Santana
Já cantei “É o Amor” com muitos artistas, os melhores deles. Na websérie, vamos cantar com o Luan Santana, falta ele.

O que é o amor?
Não cabe falar só dentro da música, porque de uma forma geral o amor é Deus. Meu momento de hoje é o amor que não fica somente numa letra, mas em um sentimento universal da palavra.