Recém apresentada, nova Liga dos Campeões já é alvo de críticas
Pep Guardiola, Thomas Tuchel e Jurgen Klopp são alguns dos principais críticos do novo projeto
Longe de ter se fortalecido devido ao fracasso imediato da Superliga, a reforma da Liga dos Campeões em 2024 aprofunda as fraturas do futebol europeu e paga por suas origens envenenadas.
Ao anunciar a próxima Champions League no dia 19 de abril, horas após o surpreendente lançamento da 'Super League' por 12 dos clubes mais poderosos do continente, a Uefa sabia que a 'bomba informativa' iria ofuscar o seu "novo e empolgante formato".
Mas o rápido fracasso do projeto de competição paralela, dois dias após seu anúncio, não gerou muito interesse na mudança da principal competição europeia de 32 para 36 clubes, com 100 jogos a mais e um 'mini-campeonato' inspirado nos torneios de xadrez para substituir o formato atual da fase de grupos.
Se torcedores, jogadores, treinadores e dirigentes políticos ajudaram a Uefa, foi devido à sua ligação com os torneios continentais, e não porque concordaram com a reforma.
"Cada vez mais jogos, ninguém pensa nos jogadores? O novo formato da Champions League é o menor dos males em comparação com a Superliga", afirmou o jogador do Manchester City, Ilkay Gundogan.
Seu treinador, Pep Guardiola, disse ironicamente à imprensa: "Talvez tenhamos de pedir à Uefa e à Fifa para prolongar o ano, talvez possamos ter 400 dias por ano".
Jogo duplo
"Todas as temporadas são semelhantes, os jogadores adoram jogar, mas se lesionam. A Uefa sabe disso, claro, mas se preocupa? Certamente não", acrescentou.
O treinador do Liverpool, Jurgen Klopp, tem a mesma opinião: "As únicas pessoas que nunca são consultadas são os treinadores, os jogadores e os torcedores".
Na véspera do empate em 1 a 1 no jogo de ida das semifinais da Liga dos Campeões contra o Real Madrid, o técnico do Chelsea, Thomas Tuchel, disse que "não estava nada feliz" com o novo formato.
Antes de apresentar a reforma ao público, a Uefa manobrou durante meses, mas sem debate público. Como de costume, negociou nos bastidores com a European Leagues, a associação que representa cerca de trinta campeonatos, e especialmente com a poderosa European Club Association (ECA).
"A beleza desta reforma radical foi reconhecida por todos", disse no dia 8 de março Andrea Agnelli, então presidente da Juventus e da ECA, antes de aparecer como um dos líderes da Superliga.
O jogo duplo deste dirigente, assim como dos outros clubes que aceitaram a nova Champions e ao mesmo tempo a atacaram com seu projeto de campeonato semifechado, mina a credibilidade da reforma.
Oficialmente, a Uefa não tem a intenção de fazer alterações no novo formato - exceto da possível criação de um 'Final 4', com semifinais e finais reagrupadas - e agora quer se concentrar na partilha de receitas e comercialização de direitos de TV.
Um sistema flexível
Embora as críticas superem os elogios, o 'sistema suíço' tem pelo menos a vantagem da flexibilidade: em um grupo único, os clubes podem se enfrentar em dez rodadas, como está previsto agora, ou em oito ou seis, para reduzir o número de partidas.
A Uefa também terá de lidar com as consequências do frustrado projeto da Superliga: treinadores, jogadores, torcedores e campeonatos parecem menos propensos do que nunca a permitir que as autoridades sobrecarreguem ainda mais o calendário sem sua opinião.
"Há tantos novos formatos: a Liga das Nações, em breve um novo Mundial de Clubes (ampliado para 24 times), mais times na Euro... São sempre mais jogos, mas não mais qualidade", disse Tuchel na segunda-feira.