ONU condena uso 'excessivo' da força em protestos na Colômbia
As manifestações contra a reforma tributária foram duramente reprimidas; pelo menos 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas
A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou o "uso excessivo da força" na Colômbia contra as manifestações contrárias a uma reforma tributária, que deixou pelo menos 19 mortos.
"Estamos profundamente alarmados com os acontecimentos ocorridos na cidade de Cali, na Colômbia, na noite passada, quando a polícia abriu fogo contra os manifestantes que protestavam contra a reforma tributária, matando e ferindo várias pessoas, segundo as informações recebidas", declarou em Genebra a porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Marta Hurtado.
Marta também lançou um apelo à calma antes de um novo dia de protestos, previsto para quarta-feira.
"Nosso escritório na Colômbia está trabalhando para verificar o número exato de vítimas e estabelecer as circunstâncias desses terríveis incidentes em Cali", disse Hurtado.
A porta-voz acrescentou que "os defensores dos direitos humanos também relataram que foram perseguidos e ameaçados".
"Dada a situação extremamente tensa, com soldados e policiais destacados para vigiar o protesto, fazemos um apelo à calma", insistiu Hurtado.
"Lembramos às autoridades do Estado sua responsabilidade de proteger os direitos humanos, inclusive o direito à vida e à segurança pessoal, e de facilitar o exercício do direito à liberdade de reunião pacífica", acrescentou a porta-voz.
"Ressaltamos também que os agentes encarregados de se fazer cumprir a lei devem respeitar os princípios da legalidade, precaução, necessidade e proporcionalidade, ao monitorar as manifestações", frisou.
Hurtado concluiu que "as armas de fogo podem ser usadas apenas como último recurso diante de uma ameaça iminente de morte, ou de lesões graves".
No total, 18 civis e um policial morreram desde o início dos protestos contra a reforma tributária, em 28 de abril, segundo balanço da Defensoria do Povo.
O Ministério da Defesa divulgou, por sua vez, 846 feridos, entre eles 306 civis.